Ao comentar o balanço do primeiro trimestre divulgado na última quinta-feira (11) pela Petrobrás, que apresentou lucro de 4,45 bilhões, o economista Cláudio Oliveira ressalta que, nas raras vezes em que a Companhia apresenta algum prejuízo, a causa é sempre algum fator excepcional, fora do controle operacional. Ele criticou as análises feitas pela mídia hegemônica, que se mostrou “surpresa” com o resultado. “Estão comparando com o resultado do 1º trimestre de 2016, quando houve um prejuízo de R$ 1,2 bilhão. Ocorre que naquele período ocorreram alguns lançamentos excepcionais, como maiores gastos com depreciação e exaustão, porque foram dadas baixa de reservas”, pondera o economista, que é funcionário aposentado da Petrobrás, acrescentando que, apenas neste item, existe uma diferença de R$ 4 bilhões, quantia que transformaria o prejuízo em lucro.
“Em 2016 ocorreram mais gastos com paradas não programadas, diferença de R$ 700 milhões, projetos não viabilizados (baixa), diferença de R$ 600 milhões. Só nestes itens já temos uma diferença de R$ 5,3 bilhões, o que inverteria o prejuízo de 2016 em um lucro praticamente igual ao lucro de 2017”.
Para o economista, não existe vantagem na obtenção de caixa livre quando ele é fruto da redução dos investimentos. Ainda sobre o primeiro trimestre deste ano, Oliveira ressalta que, apesar de a mídia afirmar que o resultado é o melhor desde o 1° trimestre de 2015, na realidade aquele período foi influenciado negativamente por um “impairment” (deterioração do valor de ativos) de R$ 49 bilhões, um critério subjetivo, como a AEPET vem denunciando.
“No 4º trimestre de 2015 foi registrado um prejuizo de R$ 36 bilhões, mas, desconsiderando o “impairment”, que inclusive é contestado em processo na CVM (processo administrativo SP-2016-182), o lucro no 4º trimestre de 2015 seria substancialmente maior”, enfatiza. Leia a seguir a divulgação veiculada pela Petrobrás.
DIVULGAÇÁO DE RESULTADOS 1º TRIMESTRE DE 2017
Rio de Janeiro, 11 de maio de 2017 – Petrobrás divulga informações contábeis intermediárias consolidadas, auditadas pelos auditores independentes, de acordo com os padrões internacionais de contabilidade (IFRS).
Principais destaques do resultado
• Lucro líquido de R$ 4.449 milhões no 1T-2017, ante um prejuízo de R$ 1.246 milhões no 1T-2016, determinado por:
– menores gastos com importações de petróleo e gás natural, pela maior participação do óleo nacional na carga processada e maior oferta de gás nacional;
– aumento de 72% nas exportações, que atingiram 782 mil barris/dia, com preços médios de petróleo mais elevados;
– redução de 27% nas despesas com vendas, gerais e administrativas;
– redução de 11% nas despesas financeiras líquidas; e
– menores despesas com baixa de poços secos e/ou subcomerciais e com ociosidade de equipamentos.
• Aumento de 19% no EBITDA Ajustado*, para R$ 25.254 milhões, em função das menores despesas operacionais e dos menores gastos com importações. A Margem do EBITDA Ajustado* foi de 37% no 1T-2017.
• Fluxo de caixa livre* positivo pelo oitavo trimestre consecutivo, atingindo R$ 13.368 milhões, 5,6 vezes o registrado no 1T-2016. Esse resultado reflete a combinação entre a melhora expressiva da geração operacional da empresa e a redução de investimentos.
• Em relação a 31.12.2016, houve diminuição do endividamento bruto em 5%, passando de R$ 385.784 milhões para R$ 364.758 milhões e do Endividamento líquido* em 4%, passando de R$ 314.120 milhões para R$ 300.975 milhões.
• Em dólares, o decréscimo foi de 1% no Endividamento líquido* (US$ 1.388 milhões), que passou de US$ 96.381 milhões em 31.12.2016, para US$ 94.993 milhões em 31.03.2017. Além disso, a gestão da dívida possibilitou o aumento do prazo médio do endividamento de 7,46 anos, em 31.12.2016, para 7,61 anos, em 31.03.2017.
• Redução do índice dívida líquida sobre LTM EBITDA Ajustado* de 3,54, em 31.12.2016, para 3,24 em 31.03.2017. Neste mesmo período, a alavancagem reduziu de 55% para 54%.
• O efetivo de pessoal da Companhia em 31.03.2017 foi de 65.220 empregados, uma redução de 17% em comparação a 31.03.2016, em função do plano de incentivo ao desligamento voluntário (PIDV). Principais destaques operacionais
• A produção média de petróleo da companhia no Brasil, no 1T-2017, foi de 2.182 mil barris por dia (bpd), 10% acima do registrado no 1T-2016. Já a produção total de petróleo da Petrobrás, no 1T-2017, foi de 2.248 mil bpd, representando um aumento de 9% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
• No 1T-2017, a produção de derivados no Brasil apresentou queda de 8% quando comparado ao 1T-2016, totalizando 1.811 mil barris por dia (bpd), enquanto as vendas de derivados no mercado doméstico atingiram 1.951 mil bpd, uma queda de 5%.
• A companhia manteve sua posição de exportadora líquida, em função do aumento das exportações de petróleo e derivados em 72% e da redução das importações em 40%, em comparação com o 1T-2016. * Vide definições de Fluxo de caixa livre, EBITDA Ajustado, LTM EBITDA Ajustado, Margem do EBITDA Ajustado e Endividamento líquido no Glossário e respectivas reconciliações nas seções de Liquidez e Recursos de Capital, Reconciliação do EBITDA Ajustado, do LTM EBITDA Ajustado e Endividamento líquido.