Notícia

Petrobrás vai à Justiça contra corruptores

Data da publicação: 11/05/2015
Autor(es): Rogerio Lessa

A Petrobrás informou oficialmente que vai à Justiça buscar ressarcimento das empreiteiras e seus executivos pelos prejuízos causados por irregularidades cometidas no âmbito da Operação Lava Jato.

“As ações somam-se a um conjunto de medidas que estão sendo adotadas para garantir o ressarcimento integral dos prejuízos sofridos pela companhia, inclusive aqueles relacionados à sua reputação”, diz a Companhia, acrescentando que, ao acompanhar as ações já propostas e futuras, “reforça sua cooperação com as investigações e busca o ressarcimento pelos prejuízos causados pelo esquema de pagamentos indevidos”.

Tal postura mais ativa diante dos acontecimentos era esperada pelos que sempre defenderam a Petrobrás de seus inimigos históricos, mas cabe perguntar se serão adotadas providências para impedir que a Companhia permaneça vulnerável à ação de corruptores.

Com chamada de capa, a Folha de S. Paulo, por exemplo, noticiou nesta segunda-feira (11) que empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato e impedidas de participar de novas licitações da Petrobrás esperam receber R$ 24,3 bilhões da companhia nos próximos anos, graças a contratos antigos que continuam em execução. De acordo com o veículo, a Petrobrás suspendeu 27 empreiteiras apontadas como participantes do esquema de corrupção descoberto na empresa há um ano. Elas não podem obter novos negócios, mas 18 dessas empresas ainda têm 90 contratos em vigor. Indicado em planilhas da própria Petrobrás, o saldo desses contratos é próximo do lucro de R$ 23,6 bilhões obtidos pela companhia em 2013 e ao prejuízo de R$ 21,5 bilhões registrado em 2014. Segundo a matéria, a Petrobrás informou que não tem dívidas com essas empresas e que os pagamentos continuam a ser feitos normalmente, caso as obras e os serviços previstos nos contratos sejam executados.

Já a nota publicada na coluna de Maurício Dias, na revista Carta Capital desta semana, aponta para as origens das irregularidades. Assim diz o colunista, a partir de dados fornecidos pela AEPET:

Entrelaçados

O “clube do cartel das empreiteiras”, alvo da Operação Lava Jato, tem contratos ainda vigentes com a Petrobrás no valor total de 44,6 bilhões de reais.

As contratações, sob regime chamado EPC, projeto mais obra, foram ajustadas por 321 vezes, seja para ampliar prazos de execução ou preços praticados, segundo levantamento da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET). Ao todo, 65 contratos permanecem ativos. Deles, 53, ou 81,5%, foram firmados a partir de cartas convite da estatal e o restante por dispensa ou inexigibilidade de licitação.