O cenário das perspectivas energéticas do Brasil para os próximos 20 anos foi escrito há menos de oito anos, quando a Petrobrás anunciou a descoberta das reservas de petróleo e gás do pré-sal. As incertezas daquele período deram lugar à confiança e, em alguns casos, à exagerada euforia. Sem dúvida, o pré-sal abre perspectivas sem precedentes para garantir o desenvolvimento socioeconômico do País. Mas antes é necessário garantir, de forma inequívoca, seu caráter estratégico na garantia da soberania nacional.
Além de garantir a energia necessária para o crescimento do Brasil, como hoje, o petróleo e o gás do pré-sal podem gerar riquezas que permitam o investimento em novas matrizes. Em 2013, a oferta interna de energia (total da energia demandada no país) atingiu 296,2 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep), 4,5% de crescimento, sendo que petróleo e gás foram responsáveis por 80% deste incremento.
Assim mesmo, a participação de renováveis na matriz energética brasileira esteve entre as mais elevadas do mundo, com 42,3%, enquanto que no restante do planeta este índice é de 13%.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no seu Plano Decenal de Expansão de energia com horizonte de 2023 (PDE2023), afirma que o Brasil será o único grande produtor e exportador de petróleo com uma matriz energética limpa. O estudo indica que, até aquele ano, a produção de petróleo evolua para cerca de 5 milhões de barris de petróleo/dia, dos quais 2/3 venham do pré-sal. Como a demanda é estimada em aproximadamente 3,5 milhões bpd, haverá um excedente de 1,5 milhão bpd exportáveis.
Os recursos provenientes deste excedente exportável podem fazer frente à necessidade do país em atender ao Decreto 7390/2010, que disciplina a Política Nacional sobre Mudança do Clima, que prevê a redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE) de até 38,9%, até 2020.
Para se atingir esse índice é fundamental o investimento no aumento da eficiência energética, com o incremento do parque de hidrelétricas e fontes renováveis como a eólica, PCH e biomassa, além de inserir a energia solar e aumentar o volume de biocombustíveis, preparando o Brasil para a substituição dos combustíveis fósseis.
O PED2023 estima a demanda da energia no país daqui há 10 anos em 351,350 Mtep. E para manter o resultado de uma matriz energética limpa é fundamental o incremento das fontes renováveis na geração elétrica. Prevê-se o crescimento da participação do parque eólico para 11,5%; e a energia solar pode alcançar uma participação de 2%.
Entretanto para o cumprimento de metas tão ambiciosas, o investimento previsto ao longo dos próximos 10 anos chega a R$ 1,26 trilhão, sendo que petróleo e gás demandarão sozinhos investimentos de R$ 879 bilhões, ou 69,6% do total.
Este o desafio do Brasil e a Petrobrás deve ser o carro-chefe deste comboio rumo ao futuro.
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