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Quebra do conteúdo local marca o 7 x 1 da indústria brasileira

Data da publicação: 24/02/2017
Autor(es): Petronotícias

Na véspera do Carnaval, caiu a máscara do grupo que foi formado para decidir as regras do conteúdo local. A última quarta-feira, dia 22 de fevereiro, é o dia que ficará marcado como sendo o 7 x 1 da indústria brasileira. Os gols foram marcados pelo Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, outro pelo Ministro das Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, dois pelo presidente da IBP, Jorge Camargo, que representa as petroleiras, e três golaços do Presidente da Petrobrás, Pedro Parente. Com esta decisão, essa equipe de artilheiros talvez tenha feito o maior mal às empresas fornecedoras da indústria petróleo, sem parâmetros na história do país.

O resultado prático e frio é a transferência da grande maioria das obras que exploram o petróleo brasileiro para o exterior. Simples assim. No momento da maior crise de empregos que o Brasil atravessa, foi a resposta que este grupo deu às aspirações de quem vive o desespero do desemprego e uma crise que abala o setor há quase três anos. Certamente estarão comemorando a decisão e provavelmente vão dormir tranquilos. A política de se entregar às operadoras grande parte a contratação de obras no exterior, produzirá em nosso país um fenômeno especial: ter emprego no setor de petróleo no Brasil será um privilégio. Um emprego de qualidade, um luxo para pouquíssimos profissionais.

A reunião que decidiu pela quebra do conteúdo local foi realizada na tarde desta quarta-feira (22), na Casa Civil, em Brasília. Agora, a nova lista de exigências de conteúdo local terá cinco segmentos: em áreas terrestres, o nível será de 50%; na exploração e produção em campos marítimos, o percentual será de 18%, na construção de poços, 25%; os sistemas de coletas e escoamento terão 40% e, por fim, as unidades estacionárias dos FPSOS terão índice de 25%.

“Isso representa uma redução de aproximadamente 50% nos números. Tendo em vista essa nova política, com esses novos números, teremos uma realidade onde não haverá mais o waiver”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. O parlamentar também afirmou que os novos números para os próximos leilões deverão ser aprovados em março, em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). “Com essa medida, estamos possibilitando que as rodadas que vão acontecer ao longo do ano de 2017, 2018 e de agora em diante, sejam realizadas a partir dessa base. Isso vai trazer oportunidades a uma série de empresas estrangeiras e nacionais que exploram e produzem óleo no Brasil, tendo um percentual mínimo obrigatório que seja completamente exequível a preços competitivos pelas indústrias brasileiras”, justificou o ministro de Minas e Energia.

Do total de quatro leilões que serão realizados esse ano, apenas os dois últimos, e de maior importância, terão já os novos índices de conteúdo local em vigor: a 14ª rodada, em setembro, e o leilão do pré-sal, previsto para novembro.

O porta-voz do “Movimento Produz Brasil”, que congrega várias entidades representantes da cadeia nacional de fornecedores, José Ricardo Roriz, comentou que hoje, de fato, foi um dia comparável ao 7 x 1 para a indústria brasileira. A decisão do governo, na opinião do executivo, foi frustrante para as empresas brasileiras, que participaram das discussões da revisão da política de conteúdo local. Ele ainda destacou que a decisão vai contra a necessidade do Brasil, com 12 milhões de desempregados, já que com menores índices, menos vagas serão abertas em nosso País.

“O mais negativo da nova política de conteúdo local é não separar os serviços dos bens. Isso foi o pior que aconteceu. A gente não consegue enxergar onde entrará a engenharia nesses novos índices apresentados, o que para nós muito ruim. Tudo começa pela engenharia. Foi um golpe muito grande”, afirmou.

Apesar da decisão contrária aos interesses da cadeia nacional, Roriz declarou que o Movimento Produz Brasil seguirá debatendo a questão com o governo. “Nós vamos continuar discutindo. Não adianta brigar e achar que não podemos reverter esse quadro. Para nós, isso que foi apresentando não faz sentido. Vamos tentar conversar e ver novos argumentos para reverter esse quadro desfavorável para a nossa indústria”, concluiu.

FONTE: Petronotícias