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Sinedino: “Hora é péssima para desinvestimento”

Data da publicação: 31/03/2015
Autor(es): Rogerio Lessa

O representante dos trabalhadores no Conselho de Administração (CA) da Petrobrás e diretor da AEPET, Silvio Sinedino, se mantém firme na oposição ao plano de desinvestimento da Companhia, que pretende arrecadar US$ 13,7 bilhões em dois anos com a venda de ativos importantes para fazer frente a dificuldades de caixa. O Conselho não foi consultado e Sinedino frisa que a diretoria executiva da Petrobrás precisa submeter esta venda de ativos importantes.

“Havia expectativa em relação ao balanço, que não foi apresentado, e ao programa de desinvestimento, que na verdade é uma privatização disfarçada. Somos totalmente contra a qualquer forma de venda de ativos. Boatos dos jornais especulam inclusive sobre a venda de participação na BR”, critica o diretor da AEPET, lembrando que o governo provocou prejuízo de US$ 20 bilhões por subsídio à gasolina, “um valor maior que os US$ 13,7 bilhões esperados com a venda de ativos importantes”.

O problema foi amenizado com a desvalorização do petróleo no mercado, mas o representante dos trabalhadores no CA pondera que nem sequer o momento é apropriado para a venda, já que a ideia predominante hoje é a de que a Petrobrás está “desesperada por dinheiro e, portanto, com os bens desvalorizados”.

Equívoco total

Com relação à escolha de Luciano Coutinho, do BNDES, para presidir o CA, em lugar do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, Sinedino avalia que existe claro conflito de interesses. “Como pode o presidente do maior credor da Petrobrás (BNDES) comandar o CA? O mesmo vale para o presidente da Vale, Murilo Ferreira, que por sinal está em conjuntura extremamente difícil, já que o minério está em baixa no mercado internacional. Não terá tempo para se dedicar. É um equívoco total.”

Balanço

A divulgação do balanço também continua pendente. “Temos duas pendências: a conta da corrupção em si e a assinatura da Pricewaterhouse (multinacional que faz a auditoria externa da Petrobrás). A Petrobrás vai pedir dilatação de prazo para divulgação do balanço à CVM. Assim que sair será convocada assembléia extraordinária”, informou Sinedino, que se mantém contra também ao reajuste nos salários de diretores, por considerar “confusos” os cálculos apresentados na justificativa. “O assunto não foi suficientemente esclarecido”, resumiu.