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‘The Guardian’ defende eleições diretas no Brasil

Data da publicação: 25/05/2017

O jornal britânico “The Guardian” defendeu em editorial publicado nesta terça-feira, 23, as eleições diretas em caso de afastamento do presidente Michel Temer (PMDB). Segundo a publicação, “os políticos brasileiros levaram o País a uma confusão” e, por isso, “deveriam deixar os 143 milhões de eleitores dizerem sobre como sair dela”.

Sob o título de “a sociedade merece ter voz”, em tradução livre do inglês, o texto opinativo diz que “muitos parlamentares têm segredos para esconder e alguns reclamam que a investigação tem sido ruim para a reputação e a economia do Brasil”. O editorial diz, ainda, que deputados e senadores não deveriam ser responsáveis por escolher o substituto do presidente, “pois foram eles que o escolheram” – em referência ao processo de impeachment – e “as pesquisas mostram uma demanda esmagadora por eleições”.

A publicação também cita o discurso da “não política”, que pode chamar a atenção dos eleitores, e reflete que a sociedade “desiludida” pode “mergulhar na apatia ou, a longo prazo, recorrer a uma figura autoritária de extrema-direta como (deputado federal) Jair Bolsonaro.” O jornal britânico lembra que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou formalmente Temer de “conspirar para silenciar testemunhas e obstruir a Lava Jato”. Janot, para o periódico, assumiu “uma poderosa figura de centro direita” e, quando seu mandato terminar em outubro, “quem quer que seja o presidente deve concordar que eles vão respeitar o resultado da enquete de promotores, despolitizando o concurso”.

Em outras palavras, a publicação fala sobre a escolha de um novo procurador através de lista tríplice. Na publicação, o The Guardian diz que Temer continua negando o erro ao insistir que a gravação foi adulterada. E faz menção, até, à perda do foro privilegiado caso o presidente se afaste do cargo. Segundo o jornal, o apoio do PSDB já “está desmoronando”. Ao afirmar que a política brasileira tem sido completamente desacreditada, o jornal destaca o processo de impeachment da ex-presidente Dilma e diz que “as revelações que surgiram desde que Rousseff foi forçada a sair no ano passado destacaram a hipocrisia daqueles que a derrubaram”.

O deputado cassado Eduardo Cunha é chamado pelo editorial de “principal orquestrador do impeachment” e a publicação relembra que o ex-parlamentar foi preso e é citado na gravação de conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS.

ENTENDA OS POSSÍVEIS CENÁRIOS DE AFASTAMENTO DE TEMER

O editorial cita, brevemente, o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deve começar no próximo dia 6 de junho e que poderia anular as eleições de 2014 ao cassar a chapa vencedora, Dilma-Temer. “O Brasil poderia, em breve, ter seu terceiro líder em menos de um ano”, escreve o editoral do jornal britânico.

Fonte: Estadão