AEPET E O MODECOM ENTREGAM O TÍTULO DE SÓCIO HONORÁRIO A ILDO SAUER E PAULO METRI
Em sessão presidida pelo diretor da AEPET, Ruy Gesteira, a AEPET e o Modecon realizaram, no dia 22 de setembro último, na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), cerimônia de entrega do Título de Sócio Honorário ao ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Ildo Sauer, e ao conselheiro do Clube de Engenharia, Paulo Metri, pelos relevantes serviços à defesa dos interesses nacionais, do monopólio estatal do petróleo e da Petrobrás. A importância estratégica do pré-sal para o futuro do Brasil e dos brasileiros foi destaque na solenidade.
Lamentavelmente, aquele concorrido evento foi a última contribuição do patriota, engenheiro e diretor da AEPET, Ruy Gesteira, que faleceu no dia 25/09/08. Incansável defensor do Brasil e da Petrobrás, Ruy foi amigo do memorável ex-presidente da AEPET, Heitor Manoel Pereira, que teve seu passamento no dia 09/03/08. O pai de Ruy [Mário Alcoforado Gesteira] foi professor de Heitor Pereira, que por sua vez conheceu Ruy Gesteira quando este tinha apenas oito anos de idade. Heitor Pereira também foi lembrado, naquela oportunidade, por ter sido autor da proposta da honraria.
A cerimônia coordenada por Ruy Gesteira, pela presidente do Modecon, Maria Augusta Tibiriçá Miranda, diretores da AEPET e demais lideranças de petroleiros, foi um sucesso e uma grande contribuição para a defesa da soberania do Brasil sobre o pré-sal e demais riquezas estratégicas. Coube ao diretor de Comunicações da AEPET, Fernando Siqueira, fazer o discurso de apresentação dos homenageados.
O diretor Ruy Gesteira lembrou uma expressão de Barbosa Lima Sobrinho para ressaltar que naquele encontro estavam reunidos os brasileiros que integram o Partido de Tiradentes, em oposição ao Partido de Silvério dos Reis. “Está se travando, hoje, no Brasil uma discussão que já foi feita há 58 anos atrás, que resultou na criação da Petrobrás e na instituição do monopólio estatal do petróleo. Infelizmente, hoje, estamos discutindo mais uma vez se o petróleo é da União ou não. Mas eu tenho a satisfação de ver aqui na platéia os representantes do Partido de Barbosa Lima Sobrinho. O saudoso Barbosa Lima dizia que no Brasil só existem dois partidos, o de Tiradentes e o de Silvério dos Reis. Hoje, vejo que aqui só têm membros do Partido de Tiradentes”.
Ildo Sauer: “O petróleo é nosso! O pré-sal é nosso! E a Petrobrás é a nossa conquista maior!”
Em seu pronunciamento, o ex-diretor de Gás & Energia da Petrobrás, Ildo Sauer, após receber o diploma que lhe foi entregue pela presidente do Modecon, Maria Augusta Tibiriçá, agradeceu aos diretores e sócios da AEPET pela honraria. “Muito obrigado pela honra de fazer parte desta associação, que certamente marca presença nas maiores conquistas do povo brasileiro”. Ele acrescentou que a honraria chegou no momento em que ele completou um ano de ter deixado o cargo de diretor da Petrobrás. “Sem dúvida nenhuma indica algo realmente profundo”, ressaltou.
Ildo destacou o papel de coerência da AEPET na defesa da Petrobrás e do corpo técnico da estatal, lembrou das contribuições de Barbosa Lima Sobrinho, de Heitor Pereira “grande lutador e líder da AEPET” e de Diomedes Cesário, sucessor de Heitor na presidência da entidade. “Em nome desta luta quero prestar minha homenagem e não vou citar todos os meus professores, como Carlos Lessa, e muitos outros. E não poderia começar citando esses, mas o que está em nossas mãos hoje e que estamos a altura de Maria Augusta Tibiriçá e de todos aqueles brasileiros que na década de 1940 e 1950, sabendo o que isso representava para a soberania do povo brasileiro [a conquista do petróleo é nosso], não poderíamos deixar de aqui reafirmar, mais do que nunca, que honra a todos aqueles que ora citamos, e hoje em nome deles, nós temos a obrigação de sustentar: O petróleo é nosso! O pré-sal é nosso! A Petrobrás é a nossa conquista maior!”.
O ex-diretor da Petrobrás ressaltou que luta em defesa do petróleo brasileiro “não nos deixemos enganar por pendengas jurídicas e políticas, pois o que está em disputa é o futuro do povo brasileiro e um respeito ao passado que unem todos nós. Por isso, é necessário que se tomem medidas concretas sobre o pré-sal, e fizemos tão pouco para garantir que ele seja nosso e as ameaças estão claras a todos que devemos tomar uma medida extremamente simples e profundamente necessária: Que o Governo Federal contrate imediatamente a Petrobrás para que ela desenvolva e conclua o processo de exploração do petróleo já descoberto. O petróleo está lá [subsolo nacional] depois de um longo trabalho. Por isso, a Petrobrás ainda está de pé e forte”.
Sauer destacou, ainda, que mesmo diante do atual quadro jurídico é possível que a União contrate a Petrobrás para que a União “seja dona do petróleo, que em suas reservas fazem com que supere as da Arábia Saudita nesta região que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo, com 800 km na costa brasileira, que ainda não sabemos, mas que durante as últimas concessões das rodadas de licitações deste governo e do anterior estamos em uma relação relativamente complexa sobre quais são os direitos, mas não podemos permanecer na penumbra de escuro dos tubarões”.
“Por instrumentos legítimos cabe a Petrobrás terminar aquilo que iniciou, para que ela determine quanto petróleo tem no pré-sal e faça um plano de desenvolvimento de exploração do recurso a ser creditado e quantificado. Esta é a medida mais correta”, reforçou o homenageado Ildo Sauer, sob longos aplausos dos presentes.
Sauer acredita não ter sido uma coincidência a reativação da IV Frota pelos EUA. “Ela foi reativada em um momento que o petróleo assume um papel cada vez mais geopolítico, em que todos nós sabemos das limitações geológicas dos 3 trilhões de barris de petróleo tradicional estimados e recuperáveis desde que a indústria começou, em 1859. Um trilhão já foi do século passado, gasto e com uma enorme produtividade na indústria na sociedade do século passado. Assim como a energia elétrica, e todos sabemos, que um trilhão já foi e os outros dois seguintes não chegarão ao final deste século. Há um petróleo adicional com exploração ultraprofunda, com areias, betuminosas e outros recursos mais o que daria mais 2,5 trilhões de barris e uns dois trilhões de m³ de gás. E neste contexto, sabendo que hoje grande parte dos recursos do petróleo estão nas mãos de apenas algumas empresas estatais e as reservas nas mãos das antigas seis irmãs, está se esvaindo porque as fronteiras estão se estreitando e estão sendo dominadas por empresas nacionalizadas, como a Gazproom, da Rússia”.
Unitizar os campos e repatriar as ações da Petrobrás
Sauer destacou que há diversos precedentes históricos “de todas as dimensões e direções” que sustentam a necessidade de que o Tesouro Nacional entre com recursos para ter a maioria das ações da Petrobrás, e os brasileiros irão apoiar a medida e o Governo Federal tem que cobrar da Petrobrás para que ela conclua aquilo que só ela iniciou, porque só a Petrobrás foi capaz de ter um modelo de construir um processo administrado para chegar a esse resultado que pode chegar a 80 bilhões de barris (e ninguém sabe ao certo), mas que é uma grande reserva de petróleo”.
O especialista destacou, ainda, que todas as práticas internacionais mostram que a cada campo de petróleo encontrado “tem que ter uma unitização e a definição de um único operador, independente dos direitos que existam e que precisam se adequar para saber a sua real função, se é que existe. E é necessário que se faça essa definição em nome do corporativismo, e as ameaças estão no horizonte e este é um único campo (de Santa Catarina ao Espírito Santo), porque a estrutura geológica é comprovadamente a rocha formadora são uma mesma coisa”. “Nós temos que garantir esta conquista do povo brasileiro, em uma campanha para que o petróleo seja nosso e que o pré-sal seja nosso e que a Petrobrás seja nossa!”, conclamou Sauer.
Paulo Metri: “Não vejo razão para partilharmos o petróleo do pré-sal com empresas estrangeiras”
O engenheiro Paulo Metri, após receber o seu Título de Sócio Honorário das mãos de Maria Augusta Tibiriçá, disse: “A honraria que recebo, vindo de entidade respeitada, que tantos bons serviços têm prestado, não somente à comunidade dos empregados da Petrobrás, mas, principalmente, à nossa sociedade, e tendo sido decidida por brasileiros ilustres que estão na sua direção, gratifica-me, sobremaneira, e enche-me de orgulho. Interpreto que as teses defendidas por muitos, inclusive por mim em jornais, foram bem aceitas e estão sendo homenageadas”
Metri destacou que o País está vivendo um momento ímpar com a descoberta do pré-sal e a retirada, pelo Governo Federal, de 41 blocos da referida área, pouco antes da Nona Rodada de Licitações. “Significa que, para o pré-sal, não existirão mais licitações nos moldes das promovidas pela ANP e o marco regulatório será mudado, pois os blocos desta área passarão a ser entregues à Petrobrás ou à nova estatal sem licitação”. Ele lembrou, ainda, que o presidente Lula destacou que a riqueza do pré-sal tem que ser canalizada também para a educação, o combate à miséria e a formação do fundo soberano. Além disso, as plataformas necessárias devem ser feitas no Brasil e devemos exportar produtos com o maior valor agregado possível.
Nesse sentido, Metri destacou que a mídia deu voz aos lobistas que defendem os grupos econômico estrangeiros, que ganhariam muito dinheiro e poder com o pré-sal, mas que “estão inconformados com a guinada nacionalista do nosso presidente e articulam várias maneiras para contradizê-lo e desacreditá-lo. A última tática tem sido dizer, a provocar náuseas, que o governo está paralisado nas decisões do pré-sal e o Estado não terá recursos para investir nesta região. Está paralisado, sim, pois está se organizando, e ainda bem. O que os grupos estrangeiros mais gostariam seria ocorrerem decisões precipitadas e impensadas, sem tempo para a sociedade conseguir compreender de que se trata e sem os movimentos sociais se posicionarem”.
“Não vejo razão para partilharmos o petróleo do pré-sal com empresas estrangeiras. Se a razão for porque há necessidade de se aumentar os recursos para investimento, devemos analisar em quanto tempo queremos explorar o pré-sal. Obviamente, quanto menor for este tempo, maior serão os investimentos requeridos. A Petrobrás sozinha poderá, em tempo racional, utilizar parcela dos próprios recursos gerados na região para reinvestir no negócio”, defendeu Metri.
Metri defendeu a reestatização da Petrobrás e o retorno do monopólio estatal para o que resta do pré-sal e o restante do território nacional ainda não licitado “sejam entregues à nossa empresa, que retornaria à função de executora do monopólio”.
“O monopólio estatal, socialmente controlado, é melhor que a competição entre empresas, que a Lei 9.478, pelo menos teoricamente, quis implantar. Primeiramente, o Estado, como controlador do monopólio, pode atuar para que não haja abuso do poder de mercado da empresa executora do monopólio. Como exemplo, nos últimos anos, o governo tem mandado a Petrobrás não repassar automaticamente para o preço dos derivados qualquer aumento do barril no mercado internacional, o que prova que um monopólio estatal pode ser controlado para beneficiar a sociedade”, reforçou o engenheiro.
Rebatendo os defensores da Lei 9.478/97, Metri destacou: “O mérito da produção brasileira de petróleo ter mais que dobrado, entre 1997 e hoje, é da Petrobrás e do monopólio estatal, pois a quase totalidade da produção atual é desta empresa e cerca de 95% da produção atual pertence a campos descobertos antes da lei 9.478 ter sido assinada, ou seja, sob a égide do monopólio estatal. As pessoas esquecem que entre a descoberta de um campo e o início de sua produção existe um prazo mínimo de seis anos”. (…) “Quanto ao acréscimo da participação do setor no PIB, a primeira razão é o citado acréscimo da produção, que é conseqüência do monopólio, e a segunda razão é o fato de o barril de petróleo ter passado de US$ 13 para em torno de US$ 100. Ou seja, o novo modelo não deu absolutamente contribuição alguma para este aumento de participação do setor no PIB”.
Lideranças nacionais prestigiam a cerimônia
Vamos deixar que nos levem tudo sem lutar?
Leitora de Santa Maria Madalena agradece ao “AEPET Notícias”
RUY GESTEIRA, SEMPRE PRESENTE (EDITORIAL)
COLUNA DO ASSOCIADO