Publicação Avulsa

Um dia na vida do Brasilino

Data da publicação: 01/02/2021

APRESENTAÇÃO

UM DIA NA VIDA DO BRASILINO teve sua primeira edição em outubro de 1961. O sucesso do texto ensejou edições posteriores. Em seis décadas observamos longa sucessão de acontecimentos. Impossível descrevê-los todos. PAULO GUILHERME MARTINS não está mais entre nós. O Brasil cresceu, se desenvolveu muito. Nossa população quase triplicou, evoluindo dos 74,31 milhões, em 1961, para mais de 211,80 milhões, registrados pelo IBGE, em 2020. Tivemos uma Constituição outorgada, autoritária e temos uma, democrática, elaborada por constituintes eleitos. Houve a deposição e o impeachment de presidentes. Sucessivos planos econômicos buscaram o controle da inflação. O Brasil industrializou-se e, graças à dimensão de seu território, aos solos férteis, disponibilidade de água e intensa insolação, tornou-se um gigante no AGRONEGÓCIO. Celeiro do mundo. Estima-se que as nossas exportações de produtos agrícolas e pecuários alimentam mais de um bilhão de pessoas, em dezenas de países.

O país é uma das 10 maiores economias do mundo. Colecionamos feitos notáveis no esporte, com vitórias, no futebol, tênis, natação, vôlei, basquete e outras modalidades.

Temos motivos para sustentar o orgulho nacional. Razões para júbilo.

Mas não podemos desconsiderar as contradições, os paradoxos, as terríveis dificuldades, ameaças e injustiças que marcam a sociedade brasileira. Percentual elevado de cidadãos ainda vive na pobreza, muitos na miséria extrema. Somos um país extremamente desigual. Uma distribuição de renda iníqua. Mazelas na saúde e na educação. Violência urbana. Persiste a chaga do analfabetismo. Bolsões de trabalho escravo e exploração do trabalho infantil.

O cenário descrito por PAULO GUILHERME MARTINS, também sofreu mutações. Algumas empresas citadas não existem mais ou deixaram o Brasil. Poucas, quase nenhuma, foram nacionalizadas. A PETROBRÁS, com apenas 7 anos à época da publicação, muito cedo transformou-se na maior empresa brasileira, uma das dez maiores petroleiras do planeta. Até mesmo ela, símbolo da capacidade realizadora de nosso povo, está ameaçada por um processo de insano entreguismo.

Não obstante tudo o que foi dito, temos uma constatação indiscutível. O PROCESSO DE DESNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA APROFUNDOU-SE, DE FORMA AVASSALADORA. A ECONOMIA É QUASE INTEIRAMENTE DEPENDENTE DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS. A TERRÍVEL CRISE SANITÁRIA, CAUSADA PELA
COVID-19, REVELA, DRAMATICAMENTE, ESTA SUBMISSÃO. Temos que importar, respiradores, vacinas, equipamentos de proteção para nossos profissionais de Saúde. Até mesmo no oxigênio indispensável para salvar vidas dependemos de empresas estrangeiras.

Não obstante a concentração de renda e as elevadas taxas de juros, o mercado brasileiro absorve a produção de centenas de milhares de veículos. Aqui estão cerca de 20 fabricantes de automóveis. Alemães, americanos, japoneses, franceses, coreanos, italianos, nenhum brasileiro.

Os projetos FNM e GURGEL sucumbiram, por falta de apoio governamental.

PAULO GUILHERME MARTINS não era um xenófobo. Tinha um discurso nacionalista, como nós. Entendia ser possível a colaboração do capital estrangeiro. Desde que inserido em um PROJETO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO, com transferência de tecnologia, controle nas remessas de “royalties” e lucros, reservados, com exclusividade, para a iniciativa nacional, os setores estratégicos da economia. Só assim podemos preservar a SOBERANIA, princípio fundamental inserido em nossa Constituição.

Ao reeditar UM DIA NA VIDA DO BRASILINO prestamos nossa homenagem a PAULO GUILHERME MARTINS.

Rio de Janeiro, fevereiro de 2021.

Diretoria da AEPET
Associação dos Engenheiros da PETROBRÁS


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