Nos anos 1980, nossa produção industrial era superior à da China. Hoje a indústria participa apenas com 11% no PIB.
Inserida em contexto macroeconômico contrário ao desenvolvimento, com juros altos, tarifa de energia entre as mais caras do mundo e restrições ao investimento público, a política industrial do governo, batizada de Nova Indústria Brasil e lançada no início do ano estaria manietada em sua proposta de reindustrializar o país. Esta é a visão do presidente do Instituto Brasilidade, Darc Costa, que foi vice-presidente do BNDES na gestão de Carlos Lessa.
Na entrevista que concedeu ao programa Tecendo o Amanhã, Darc Costa lembrou que o processo de desindustrialização precoce e acelerado do Brasil tem origem no mau acordo para a dívida, feito ainda na década de 1980 e que até hoje mantém o país submetido ao garrote do setor financeiro.
“Nos anos 1980, nossa produção industrial era superior à da China. Hoje a indústria participa apenas com 11% no PIB”, criticou.
Outro fato marcante, na visão de Darc, para a desindustrialização foi o tripé macroeconômico estabelecido no governo de Fernando Henrique Cardoso, que alterou também a definição de indústria nacional em favor do capital estrangeiro.
“O tripé macroeconômico é baseado em câmbio flutuante, metas de inflação (garantida pela taxa de juros) e superávit fiscal (Estado não pode alavancar a economia). Esse tripé conspira contra a indústria.”
Para o presidente do Instituto Brasilidade, os R$ 300 bilhões previstos no plano do governo para os próximos três anos deveriam praticamente dobrar para atingirem suas metas. Além disso, a política industrial do governo deveria priorizar o mercado interno e adotar mecanismos de proteção à indústria.