O relatório há muito aguardado de John Chilcot, um alto funcionário britânico, sobre a Guerra do Iraque e os acontecimentos que levaram a ela revelaram que o mercado de energia do Reino Unido teve um interesse bastante sólido no conflito.
Documentos revelados, parte do relatório de 12 volumes, mostram que funcionários do governo britânico envolvidos nos eventos que levaram à guerra, na própria guerra e no período seguinte de restauração tinham como objetivo principal os interesses corporativos de gigantes da energia BP e Shell. Esta informação não foi, no entanto, mencionada no resumo de 150 páginas do impressionantemente extenso relatório: 2,6 milhões de palavras no total.
Reuniões secretas entre funcionários do governo, a BP e a Shell para discutir como iriam proceder após a queda de Saddam são reveladas no documento. “O Iraque é especial para as companhias de petróleo e a BP está desesperada para chegar lá.
“Em outras palavras, o relatório do Chilcot revelou, embora com relutância e aparentemente sem querer, é que a energia, e não armas de destruição em massa (inexistentes como se viu), foi o principal motivo para a invasão do Iraque e o conflito sangrento que se seguiu.
E mesmo no rescaldo da guerra as preocupações de energia continuaram no topo da agenda. De acordo com a Open Democracy, um tema repetidamente citado nos documentos que foram analisados por Chilcot e sua equipe se destinava “a transferir a propriedade da indústria petrolífera do Iraque das mãos do Estado para as mãos de empresas multinacionais, garantindo à BP e Shell uma grande fatia”.
No Iraque, a BP opera o enorme campo petrolíferos de Rumaila, enquanto a Shell opera o igualmente gigante campo de Majnoon. A partir de 2010, quando a BP assumiu como operadora, Rumaila produziu 2,2 bilhões de barris de petróleo até 2015 e neste momento é responsável por um terço da produção global de petróleo do Iraque.
Já a produção no campo de Majnoon só começou há cerca de três anos. Em 2014, a produção tinha atingido 210.000 barris por dia, mas com os preços do petróleo em queda, a Shell reviu as metas de produção, pois a exploração do campo sob as atuais circunstâncias de preços tornou-se muito menos lucrativa.
FONTE: Oilprice.com