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Petrobrás expõe contradições de governo entreguista

Data da publicação: 09/06/2017
Autor(es): Petronotícias

A Petrobrás tomou uma decisão que pode colocar seu comando num dilema, por reconhecer as acusações da JBS contra o presidente Michel Temer. A estatal decidiu extinguir antecipadamente o contrato de fornecimento de gás natural para a Usina Termelétrica Mário Covas (UTE Cuiabá), da empresa Âmbar, que pertence ao grupo J&F, de Joesley Batista, por conta de uma cláusula anticorrupção, além de pedir um ressarcimento de R$ 70 milhões.

A medida, segundo a Petrobrás, é fruto das gravações de delações premiadas de executivos do grupo J&F, em que eles informaram ter cometido “atos que violam a legislação anticorrupção vigente”. O caso mencionado pela estatal se refere ao depoimento dado por Joesley Batista, que disse ter negociado o pagamento de uma propina semanal de R$ 500 mil para o presidente Michel Temer, por meio do deputado Rodrigo Rocha Loures, para que conseguisse alterar os valores do contrato ou para que a J&F pudesse comprar o gás diretamente da Bolívia, já que a Petrobrás compra o gás boliviano por US$ 4,29/MMBtu e revende por US$ 6,07/MMBtu.

A ação da Petrobrás foi vista por analistas como uma espécie de retaliação indireta do governo Temer pelas acusações feitas pela JBS no acordo fechado com o Ministério Público, já que a estatal não chegou a ter prejuízo efetivo com o contrato, mas a medida pode acabar sendo um tiro que sai pela culatra. Isso porque, ao usar o argumento da corrupção como fator para rescindir o contrato, a Petrobrás acaba assinando embaixo das acusações feitas por Joesley, que chegou a ser chamado de “falastrão” pelo presidente da República, e reconhece que as acusações a Temer são reais.

Talvez já seja um sinal do presidente da estatal, Pedro Parente, de que está se preparando para o próximo governo interino, que pode assumir o País caso o TSE decida impugnar a chapa Dilma-Temer nos próximos dias. Afinal, como já reiterou Parente recentemente, ele pretende seguir no mandato até 2019, independente do governo.

Já o deputado Rocha Loures está preso, por ter sido flagrado com uma mala de dinheiro da primeira parcela dos R$ 500 mil dados pela JBS, que previa pagar o valor toda semana ao longo de 20 anos de contrato, o que somaria um total de R$ 480 milhões em propinas. O valor foi dado antes que houvesse a contrapartida dos políticos e agora Rocha Loures estuda fazer sua delação premiada.