Com muita relutância, nós, eu e um ex-presidente da Petrobrás, ao lado de milhares de outros aposentados, entramos com uma ação na Justiça do Trabalho reivindicando a correção das nossas aposentadorias, que, segundo as várias sentenças prolatadadas, a Petrobrás abastarda conceitos normativos consagrados.
A nossa relutância, e acredito igualmente a dos demais, tem origem no que vivemos ao participarmos de suas construção.
O lastro subjacente à nossa caminhada repousa na ética, no respeito a princípios morais, no mérito profissional, no rigor à honestidade.
Nunca duvidávamos dos valores do nosso contracheque; nunca cobrávamos horas-extras, a nossa filiação a entidades de classe não era condição para obtermos vantagens funcionais; fomos do tempo em que o corpo gerencial (grupo 1) pedia demissão coletiva contra ameaças à empresa originadas da diretoria e ou do Conselho de Administração.
As Forças Armadas, a AEPET, o Clube de Engenharia e outros estamentos da sociedade formaram a bases indispensáveis à sua defesa.
Nosso envoltório ideológico foi a construção da Petrobrás como instrumento do desenvolvimento do país e de núcleo tecnológico irradiador de saber técnico e, assim, de domínio da riqueza nacional.
Eles, esses que vêm, nas últimas duas décadas, desconstruindo o orgulho nacional, abandonando princípios morais, desrespeitando tradições, jogando na lata do lixo a memória da nossa história, estão se dirigindo, com algemas nas mãos, ao local de suas afinidades eletivas: a prisão.
Quanta diferença entre nós e eles: um ex-presidente entra na Justiça para nela buscar sua aposentadoria, arbitrariamente reduzida por eles e, também pela Justiça, eles, os vários dirigentes, vêm devolvendo os recursos roubados da Petrobrás.
Este é um momento de vergonha nacional, de luto para os brasileiros de bem, mas que não permitirá que se erga pedra sobre pedra para construir um muro da impunidade para aqueles que nada sabem, nada ouvem, nada vêem.
Sylvio Massa de Campos
Primeiro diretor da Petrobrás Distribuidora