Falam em privatização da Petrobras pelos absurdos preços dos combustíveis, pelas consequências disso para a população brasileira, pela contribuição na inflação que está em alta, pela desindustrialização do País e a consequente contribuição para o desemprego, impacto no balanço de pagamentos com elevação do valor do dólar e o seu impacto na economia.
Tudo isso é verdade e está ocorrendo.
O que não é falado é que essa é a gestão PRIVADA da Petrobras, criada ESTATAL para garantir a soberania energética do País, seu desenvolvimento e competitividade, pois desde 2016 ela está sendo administrada com o enfoque privado de máximo lucro imediato sem risco. Todas as Diretorias e seus Conselhos de Administração, escolhidos pelo acionista majoritário, o Governo, são oriundos do mercado de ações, ex-dirigentes de petrolíferas estrangeiras, pessoas vinculadas a interesses não nacionais. Portanto, quem está gerando esse caos é uma gestão privada, visando os interesses financeiros e estrangeiros, sem vinculação com o País.
E o Administrador do acionista majoritário, Governo, a dizer que não pode interferir na Companhia, pois se é ele quem escolhe essas Administrações ou não sabe disso. Uma omissão desse nível não dá para imaginar ocorrendo em qualquer Sociedade Anônima que se preze, pois os Conselhos e Diretorias são escolhidos pelo poder majoritário para atender os interesses de seus acionistas. No caso de uma empresa estatal o acionista majoritário é o Estado, portanto, o País e sua população.
Assim, o que estamos vivendo é uma amostra do que será, agora em caráter permanente, da Petrobrás privatizada. Todos esses absurdos estão sendo perpetrados por essas Diretorias e Conselhos de Administração, que não tem o menor compromisso com seu PAPEL DE ESTADO, Razão de Ser de uma estatal, para com o País, sua Soberania, e compromisso com seu desenvolvimento e qualidade de vida da população.
Pior ainda, até os reais investidores privados estão sendo prejudicados, pois apesar da espoliação do povo e da economia nacional, como consequência do preço dos derivados serem superiores aos do mercado internacional, viabilizando sua importação, a Petrobras foi obrigada pela atual Administração a reduzir em 30% a produção de combustíveis, mantendo ociosas as refinarias. Com isso, o faturamento operacional caiu drasticamente e, portanto, a rentabilidade das operações, tanto para investir como para distribuir dividendos. Até o tão falado endividamento, usado mentirosamente para justificar alienação de patrimônios rentáveis da Companhia, não está sendo reduzido. Os lucros apresentados são por venda de patrimônios rentáveis e eventual elevação no preço do petróleo, portanto comprometendo o futuro, e absurdas isenções tributárias.
Quem está ganhando são os especuladores da Bolsa de Valores, com as oscilações surpresas do preço das ações, os importadores de derivados e os produtores estrangeiros.
A Petrobras chegou ao seu nível de excelência por Administrações, escolhidas pelo Governo Federal, comprometidas com o País, em que o Conselho de Administração era majoritariamente composto por Ministros de Estado, e as Diretorias estrategicamente voltadas para a qualidade, segurança e os menores custos no abastecimento de combustíveis, garantindo investimento para seu desenvolvimento e estabilidade atrativa na remuneração aos acionistas.
Se alguém tem dúvidas sobre as consequências de uma privatização da Petrobras, estamos experimentando o que ocorrerá em caráter permanente para o País e todos nós.
Privatizar/desnacionalizar não é solução – será a perpetuação dessa situação. Temos que conseguir que se volte à escolha de uma Administração nacionalista e comprometida como País e sua população.
Eng. Raul Tadeu Bergmann