Artigo

Ouvidos de Marcador

Data da publicação: 04/12/2017

Do ponto de vista econômico financeiro, a principal característica da Petrobras é sua extraordinária e insuperável capacidade de geração operacional de caixa (GOC). Em outras palavras, seu potencial de gerar recursos para cobrir o serviço da dívida, fazer investimentos e pagar dividendos e participações.

Nos últimos cinco balanços auditados e publicados (2012-2016), a GOC da Petrobras evoluiu conforme tabela a seguir:

Verificamos portanto, que a GOC da Petrobras é sempre elevada e não está sujeita a fortes variações. O menor valor ocorreu em 2015 (US$ 25,90) devido a elevada depreciação do real frente ao dólar naquele ano. A média aritmética no período foi de US$ 26,39/ano.

Em 2016, a GOC da empresa – no valor de US$ 26,10 bilhões – foi superior ao de todas as grandes petroleiras do mundo: Exxon, US$ 22,10 bilhões; Shell, US$ 20,62 bilhões; Chevron, US$ 12,90 bilhões; e BP, US$ 10,69 bilhões.

Para verificar a capacidade de geração de caixa de cada empresa, montamos um quadro que compara a GOC com a receita bruta das petroleiras.

Em capacidade de geração de caixa, a grande petroleira que mais se aproxima da Petrobras (25%) é a Chevron, a qual obteve menos da metade da capacidade da Petrobras (12%).

O incrível potencial de geração de caixa da nossa companhia fez com que sua liquidez corrente, que é a capacidade de cumprir os compromissos em curto prazo, durante todo esse período, fosse sempre superior a 1,5. Isso também permitiu que o caixa da empresa fosse sucessivamente muito mais elevado do que o das outras grandes petroleiras, resultando num contínuo conforto financeiro da Petrobras. Fato claramente inverso a tudo aquilo que sempre apregoou a grande mídia golpista e irresponsável.

Uma companhia com tal capacidade de geração de caixa, não tem absolutamente nenhuma necessidade de vender ativos lucrativos, para reduzir dívida. O próprio PNG 2017/2021 prevê uma GOC (já pagos os dividendos) de US$ 158 bilhões em 5 anos. Ou seja, uma média superior a US$ 30 bilhões/ano, o que significa dizer que na ponta (2021), a GOC deverá estar em torno de US$ 35 bilhões.

É preciso deixar bem claro que a Petrobras não tem e nunca teve problemas financeiros para amortizar sua dívida. O que ocorre hoje é que estão vendendo ativos que rendem mais de 20% a.a., para ANTECIPAR amortização de dívida que custa 7% a.a., ao mesmo tempo em que a empresa mantem em caixa mais de US$ 20 bilhões.

Que o presidente Temer é um entreguista todos nós sabemos e isso foi bem demonstrado em um dos artigos relacionados ao fim deste texto (anexo I).

Mas o atual presidente da Petrobras, Pedro Parente, não é apenas um entreguista, é um vendilhão da pátria, como bem esclareceu o jornalista Fernando Brito em seu artigo (anexo II).

Nós, então, nos perguntamos por que até hoje a Comissão de Valores Mobiliários – CVM não se pronunciou sobre a denúncia feita pela Federação Nacional dos Petroleiros – FNP, em maio de 2017, a qual solicitou a cassação pública de Pedro Parente por omissão de dados sobre a venda dos campos de Tartaruga Verde e Baúna.

Também indagamos por que o Ministério Público Federal – MPF não se manifestou acerca da representação feita pela Federação Única dos Petroleiros – FUP, em junho de 2017, pedindo o afastamento de Pedro Parente por ser ele sócio fundador da Prado Consultoria, grupo de gestão financeira empresarial presidido por sua esposa.

Todos conhecemos a expressão “ouvidos de mercador”. Muitos, no entanto, afirmam que a palavra correta é “marcador”, pois se refere àqueles que assinalavam os escravos, usando ferros em brasa, com a marca dos seus patrões. Já acostumados com os gritos e as lamúrias dos escravos, os “marcadores” não se importavam com eles, afinal, essa era sua atividade profissional, seu ganha-pão.

Situação semelhante se dá com Pedro Parente. Não interessam os inúmeros artigos publicados e entrevistas concedidas por especialistas mostrando o absurdo dos fatos sobre a situação da Petrobras. Nada o abala. Cartas enviadas a ele (anexos III e IV) nem ao menos são respondidas.

O secretário do Ministério de Minas e Energia, Marcio Felix, em recente entrevista, afirmou que se a questão da cessão onerosa não for resolvida até o fim deste ano, o assunto será adiado para 2020, pois pressões políticas em um ano eleitoral (2018) e início de um novo governo (2019) impediriam qualquer decisão.

Pedro Parente, entretanto, atua com total liberdade e independência até de pressões políticas. Seu trabalho de destruição da Petrobras continuará. Afinal, esse é seu ganha-pão.

Anexo I: Temer assume agenda das multinacionais do petróleo e desgraça o Brasil

Anexo II: Brito, Parente e o pré-sal: vendilhão da pátria!

Anexo III: Existe alternativa para reduzir a dívida da Petrobrás sem vender seus ativos

Anexo IV: Riscos Estrategicos, Governanca, Corporativa e Transparência

Publicado em 01/12/2017 em Brasil 247.

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