INTRODUÇÃO
O programa Pró-Brasil recentemente lançado pelo Chefe da Casa Civil do Governo, Gen. Braga Neto, é o único caminho viável para retirar o país do “atoleiro” provocado pelas políticas neoliberais arcaicas que vem sendo implementadas por Paulo Guedes e seus assessores, como mostramos no artigo ” As principais mentiras falaciosas de Paulo Guedes que podem causar décadas de atraso ao Brasil”
https://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/3045-as-principais-mentiras-falaciosas-de-paulo-guedes-que-podem-causar-decadas-de-atraso-ao-brasil
O programa prevê investimentos em infraestrutura (ministro Tarcísio) de R$ 30 bilhões e desenvolvimento regional (ministro Rogério Marinho) de R$ 185 bilhões nos próximos 3 anos
Guedes e sua equipe, que não compareceram ao lançamento do novo programa, o apelidaram de “PAC da Dilma”, e que não sairia do papel.
Mas a atual política econômica já vinha conduzindo o país para a recessão, ao contrário do que afirma Guedes, pois inibe os investimentos impedindo o crescimento do PIB e a geração de empregos.
Com a crise da pandemia do coronovirus a situação se agravou, ao invés de recessão o país caminha para a depressão se não forem tomadas providencias desenvolvimentistas.
O presidente Jair Bolsonaro por seu lado parece que vacila ao tomar decisões. Depois das demissões de Mandetta e Moro, Bolsonaro não quer, no momento, perder mais um nome forte de seu governo .
Em recente reunião no Alvorada , Bolsonaro disse que “só Paulo Guedes decide sobre economia”.
Mas os fatos exigem correção de rumo imediata.
ECONOMIA MUNDIAL
O economista alemão, professor da Universidade de Siegen, NIko Paech, em entrevista à DW Brasil, apontou que “a escassez de equipamentos médicos em meio à crise do novo coronovirus expõe o ponto fraco de um modelo de produção que se baseia numa cadeia produtiva elaborada, na qual a produção de bens é distribuída pelo mundo inteiro. Esse modelo é um tipo de economia de céu de brigadeiro. Quando não há crise ele é vantajoso por reduzir os custos, mas quando um elemento desta rede em algum lugar falha, ele desmorona”
https://www.dw.com/pt-br/crise-do-coronav%C3%ADrus-exp%C3%B5e-vulnerabilidade-da-globaliza%C3%A7%C3%A3o-diz-economista/a-53211546
A conceituada revista inglesa The Economist, publicou artigo no último dia 14 salientando “Em todo o mundo a opinião pública está se afastando da globalização. As pessoas ficaram perturbadas ao descobrir que sua saúde depende de uma briga para importar equipamentos de proteção e dos trabalhadores migrantes que trabalham em casas de repouso e fazem as colheitas” e completa ” Dê adeus à maior era da globalização – e se preocupe com o que vai tomar seu lugar”
https://www.brasil247.com/ideias/o-covid-19-matou-a-globalizacao
ECONOMIA BRASILEIRA
O Brasil caminha para estreitar seus relacionamentos com os países asiáticos, em especial com a China.
Declarações e ações de nossos dirigentes indicam isto:
“China cada vez faz mais parte do futuro do Brasil (Bolsonaro, nov/2019)
“O Brasil e a China tem um casamento inevitável” relacionamento “por pragmatismo não por dogma” e “a pandemia provocará mudanças significativas na geopolítica mundial, aumentando o papel econômico da Asia” (Mourão abril de 2020).
Recentemente, apesar dos protestos do governo norte-americano, o Gabinete de Segurança Institucional – GSI (Gen.Heleno), aprovou a participação da gigante chinesa Huawei no leilão para implantação da tecnologia internet 5G no Brasil
A PETROBRÁS
Para obter resultados mais efetivos o programa Pró-Brasil vai precisar que a Petrobrás retome seus investimentos.
A Petrobrás pode investir US$ 50 bilhões por ano ( R$ 250 bilhões ) em projetos nas áreas de petróleo e gás.
Entre 2009 e 2014 a Petrobrás investiu mais de US$ 250 bilhões, principalmente em exploração e produção no pré-sal.
Foram estes investimentos que vão fazer a companhia atingir uma produção de mais de 5 milhões de barris dia de petróleo à partir de 2026. Os projetos na área de petróleo exigem um longo tempo para maturação.
À partir de 2015, com o escândalo da Lava Jato, os investimentos foram reduzidos. Em 2016 com a entrada do governo Temer, a política neoliberal além de paralisar os investimentos passou a entregar importantes ativos da companhia para o capital internacional.
Em 2019 a Petrobrás adquiriu o direito de exploração e produção na área excedente à cessão onerosa ( mais de 15 bilhões de barris)
O momento é ideal para a empresa retomar seus investimentos. Estudo do INEEP, instituto ligado à Federação Única dos Petroleiros – FUP, indica que cada R$ 1 bilhão investidos pela Petrobrás geram um efeito de R$ 1,25 bilhão no PIB brasileiro e criam 25 mil novos empregos.
Investindo US$ 50 bilhões (R$ 250 bilhões) por ano a Petrobrás sozinha promoveria a criação de 6,25 milhões de empregos, o que viria em boa hora.
A companhia poderia almejar alcançar uma produção de 10 milhões de barris dia em 2033.
Isto exigiria um parceiro adequado e, no meu entendimento, este parceiro é a China.
A CHINA
Há muitos anos a China é o maior parceiro comercial brasileiro. Principal mercado de nossos produtos agrícolas (soja, milho, algodão etc) pecuários ( aves, suínos e bovinos), minério de ferro e petróleo.
Tem propiciado enormes superávits comerciais ao nosso país.
Desde o primeiro leilão do pré-sal em regime de partilha, no campo de Libra, até o último leilão em 2019, tem atuado em parceria com a Petrobrás.
Fez empréstimos ( US$ 10 bilhões) para a Petrobrás sem exigências de garantias e estabelecendo os pagamentos em petróleo , não em dólar ou yuan.
Isto torna o negócio auto sustentável, imune a problemas futuros de consumo mundial de petróleo. Informaram que tem muito mais disponível para aplicar em petróleo e gás no Brasil.
Iniciaram estudos para retomada das refinarias premium no nordeste. Projetos iniciados e abandonados pela Petrobrás . Eu mesmo escrevi alguns artigos sobre isto como o a seguir:
Os estudos foram paralisados depois que a Petrobrás anunciou sua intenção de vender suas refinarias.
Naturalmente os chineses vislumbraram oportunidade de fazer um negócio melhor. Mas nada impede que estes projetos sejam retomados em sociedade com a própria Petrobrás.
CONCLUSÃO
Com o fim da globalização e do modelo neoliberal podemos esperar mudanças no comando da pasta da economia no Brasil e na administração da Petrobrás.
O programa Pró-Brasil é indispensável para o país principalmente nesta situação de crise.
A participação da Petrobras na qualidade de investidora autônoma, cujos investimentos independe do crescimento da demanda agregada, e em volumes que podem fazer a diferença neste momento, é fundamental.
A atual política de venda de ativos da empresa tem de ser paralisada e se possível tentar reaver vendas feitas.
A atual política de preços chamada de Preço de Paridade de Importação – PPI, uma verdadeira jabuticaba venenosa, tem de ser revista também.
A participação chinesa, que ao meu ver é benéfica, tem de ser avaliada com muita cautela e numa perspectiva de busca de soberania nacional.
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobrás aposentado