Artigo

Teatro dos horrores na Câmara e o Palhaço

Data da publicação: 13/05/2015
Autor(es): Bruno Terribas

Um inacreditável festival de teatro tem ocorrido nas últimas semanas no Poder Legislativo federal em Brasília. No palco do Congresso Nacional ocorreram sessões em série para atacar direitos históricos dos/as trabalhadores/as. As sinopses indicaram aprovação do Projeto de Lei (PL) da Terceirização (4330) e das Medidas Provisórias 664 e 665, que prejudicam o acesso ao seguro-desemprego, pensão por morte e abono salarial.

Na primeira temporada, ocorrida com apresentações em 8 e 22 de abril, votou-se o escancaramento da terceirização. Os “vilões”, que estavam a favor do projeto, foram as bancadas do PSDB, PMDB, PP, DEM, PPS, PSD e Solidariedade, além de siglas menores, com apoio da Força Sindical. Os “mocinhos”, que votaram pela derrota do PL, foram PT, PC do B, PSOL e PDT, apoiados por CUT, CSP-Conlutas, Intersindical e CTB.

Durante a votação no plenário, os deputados do bloco contrário ao projeto levantaram uma grande faixa com os dizeres: “PL 4330: fim da CLT; ataque aos trabalhadores; Vote Não” e exibiram reproduções em tamanho gigantesco da Carteira de Trabalho. No dia da primeira sessão, protesto de sindicalistas em frente ao Congresso foi reprimido pela Polícia Legislativa.

A temporada seguinte foi iniciada com sessão em 6 de maio, tendo como tema a votação da MP 665 enviada pela Presidente Dilma, que promove um “ajuste econômico” que prejudica os/as trabalhadores/as, dificultando acesso a benefícios previdenciários em plena época de aumento do desemprego.

Desta vez os papeis se inverteram. As “personagens malignas” foram interpretadas pelos deputados do PT, PC do B e demais partidos da base aliada do governo. No papel de “herois” agora víamos as bancadas de PSDB, PPS, DEM e Solidariedade, apoiadas com forte pressão da Força Sindical, que lotou as tribunas do plenário. Os efeitos especiais dessa vez ocorreram com o lançamento de notas falsas com fotos de Dilma e outros petistas, além da revanche dos cartazes de “procurado” contra parlamentares do partido da presidente.

Esta semana será votada a MP 664 do pacote de maldades, completando a temporada da dramaturgia de terror.

Observação importante: há de se registrar que alguns grupos teatrais se mantiveram fieis a seus personagens. PMDB, PSD, PR, por exemplo, votaram contra os trabalhadores em todas as sessões. As bancadas socialista (PSOL) e trabalhista-varguista (PDT) rejeitaram categoricamente o PL e as MPs .

Além deles, um profissional das artes optou por não participar encenação: o palhaço Tiririca, que também se opôs aos ataques.

Cabe ao público acompanhar as próximas temporadas e prestigiar o(s) grupo(s) que mais lhe agradem.