Um inacreditável festival de teatro tem ocorrido nas últimas semanas no Poder Legislativo federal em Brasília. No palco do Congresso Nacional ocorreram sessões em série para atacar direitos históricos dos/as trabalhadores/as. As sinopses indicaram aprovação do Projeto de Lei (PL) da Terceirização (4330) e das Medidas Provisórias 664 e 665, que prejudicam o acesso ao seguro-desemprego, pensão por morte e abono salarial.
Na primeira temporada, ocorrida com apresentações em 8 e 22 de abril, votou-se o escancaramento da terceirização. Os “vilões”, que estavam a favor do projeto, foram as bancadas do PSDB, PMDB, PP, DEM, PPS, PSD e Solidariedade, além de siglas menores, com apoio da Força Sindical. Os “mocinhos”, que votaram pela derrota do PL, foram PT, PC do B, PSOL e PDT, apoiados por CUT, CSP-Conlutas, Intersindical e CTB.
Durante a votação no plenário, os deputados do bloco contrário ao projeto levantaram uma grande faixa com os dizeres: “PL 4330: fim da CLT; ataque aos trabalhadores; Vote Não” e exibiram reproduções em tamanho gigantesco da Carteira de Trabalho. No dia da primeira sessão, protesto de sindicalistas em frente ao Congresso foi reprimido pela Polícia Legislativa.
A temporada seguinte foi iniciada com sessão em 6 de maio, tendo como tema a votação da MP 665 enviada pela Presidente Dilma, que promove um “ajuste econômico” que prejudica os/as trabalhadores/as, dificultando acesso a benefícios previdenciários em plena época de aumento do desemprego.
Desta vez os papeis se inverteram. As “personagens malignas” foram interpretadas pelos deputados do PT, PC do B e demais partidos da base aliada do governo. No papel de “herois” agora víamos as bancadas de PSDB, PPS, DEM e Solidariedade, apoiadas com forte pressão da Força Sindical, que lotou as tribunas do plenário. Os efeitos especiais dessa vez ocorreram com o lançamento de notas falsas com fotos de Dilma e outros petistas, além da revanche dos cartazes de “procurado” contra parlamentares do partido da presidente.
Esta semana será votada a MP 664 do pacote de maldades, completando a temporada da dramaturgia de terror.
Observação importante: há de se registrar que alguns grupos teatrais se mantiveram fieis a seus personagens. PMDB, PSD, PR, por exemplo, votaram contra os trabalhadores em todas as sessões. As bancadas socialista (PSOL) e trabalhista-varguista (PDT) rejeitaram categoricamente o PL e as MPs .
Além deles, um profissional das artes optou por não participar encenação: o palhaço Tiririca, que também se opôs aos ataques.
Cabe ao público acompanhar as próximas temporadas e prestigiar o(s) grupo(s) que mais lhe agradem.