Notícia

Agenda Internacional – 24/03/2015

Data da publicação: 24/03/2015
Autor(es): Flávio Aguiar

Eleição na França

Nas eleições para os departamentos (províncias) franceses, o desempenho da Frente Nacional, de Marie Le Pen, foi pior do que o previsto, apesar de ter obtido uma votação significativa, em torno de 25%. Mas esperava-se mais, algo acima de 30%, pelo menos. Isto pode ser explicado pela ascensão da UMP, liderada de novo por Nicolas Sarkozy, que está fazendo uma rentréeespetacular na cena francesa. Seu partido foi o vencedor, com 37% da votação. Já o Partido Socialista, votado ao desastre pela mídia, ficou em segundo, com 27%.

Quem fracassou mesmo foi a esquerda, junto com os Verdes, não atingindo a marca dos dois dígitos. O debate na França gira em torno do tema do possível abandono do PS pelo operariado, premido pela pressão dos imigrantes. Um tema caro para a direita. No domingo, 29, haverá o segundo turno nos departamentos onde nenhum partido obteve a maioria absoluta. Então o quadro ficará mais claro.

Eleição na Espanha

Também no domingo houve eleição na Andaluzia, província espanhola tradicionalmente socialista. O PS manteve a tradição, sendo o partido mais votado, com 35% e 47 cadeiras das 109 em disputa. O PP, de Mariano Rajoy, foi o segundo, mas caindo de 50 para 33 cadeiras, com 27% da votação. Em terceiro chegou o novo partido de esquerda, Podemos, com 15 cadeiras (14%), seguido do novo partido de direita, o Ciudadanos, com 9 cadeiras. A Esquerda Unida, com os Verdes, caiu de 12 para 5 cadeiras, perdendo votos para o Podemos, que assim confirma ser um partido que veio para ficar na cena espanhola.

Iêmen, um país que se desfaz

Na semana passada ataques terroristas a duas mesquitas em Sana, a capital, deixaram um saldo de 143 mortos em explosões suicidas. Um terceiro ataque foi frustrado. O Estado Islâmico, apoiado pelos Sunis, reivindicou os ataques, feitos contra mesquitas xiitas, dos Houthis. Estes são apoiados pelo Irã, enquanto os Sunis o são pela Arábia Saudita.

O EI está em disputa com a Al Qaïda pela primazia das ações definidas como “islâmicas”. O presidente Abdu Rabbu Mansur Hadi, deposto pelos Houthis (xiitas), deixou a capital e está refugiado na cidade costeira de Aden, de onde proclama ser o governante legítimo. Por sua vez os Houthis anunciaram terem tomado a maior parte da cidade de Taiz, inclusive seu aeroporto.

A guerra civil já é uma realidade no país.

Tunísia

Continua a busca por um terceiro terrorista do ataque ao museu Bardo, na capital, que deixou um saldo de pelo menos 21 mortos, 17 deles turistas que visitavam a instituição. Vídeos internos mostram três homens armados perambulando pelo museu. Dois dos terroristas foram mortos pelas forças de segurança e o terceiro, aparentemente, está foragido. O ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico, mostra uma escalada da ação deste grupo no país. Até então, apesar de alguns ataques e atentados, inclusive contra políticos e jornalistas de esquerda, a principal ação do Estado Islâmico e da Al Qaïda no país era o recrutamento de jovens para lutar na Síria e no Iraque. Agora a tática passou a incluir ações diretas de maior envergadura. Este é uma novo desafio para o governo de tendência laica, empossado em dezembro.

Programa nuclear do Irã

As negociações sobre o programa nuclear do Irã com as potências nucleares do Ocidente, mais a China, a Rússia e a Alemanha entram em semana decisiva, com o prazo auto-definido do final do mês para o esboço de alguma proposta de acordo a ser aprovado até o fim de junho. Israel, com a reeleição de Benyamin Netanyahu e seu partido Likud, continua firmemente oposto a qualquer acordo com Teerã, mas seu desgaste junto à Casa Branca e à União Europeia é enorme.

Israel

Reuven Rivlin, o presidente de Israel, deve chamar esta semana B. Netanyahu para formar um novo governo. Netanyahu está tentando por panos quentes em declarações suas durante a campanha, destinadas a fortalecer sua votação à direita, prometendo que jamais permitiria a formação de um Estado Palestino e conclamando os judeus a votarem porque os árabes estariam “inundando” a votação e assim ameaçando a permanência do seu partido, o Likud, à testa do governo. Rivlin, um conhecido partidário de uma negociação com os palestinos, deu uma declaração dizendo que o novo governo terá de agir em função de todos os cidadãos do país, inclusive os árabes.

Grécia e Alemanha

Alexis Tsipras, o primeiro-ministro grego da Syriza, está em visita oficial à Alemanha, a convite da chanceler Angela Merkel. Tsipras deve explicar suas propostas de reformas na Grécia, sem sentido anti-austeridade, à chanceler, e deve também manter contatos com o partido Die Linke, considerado aliado da Syriza. Enquanto isto prossegue a polêmica, às vezes com termos candentes, entre os ministros da área financeira, Yanis Varoufakis, o grego, e Wolfgang Schäuble, o alemão.

Irlanda

No final de semana houve gigantesca manifestação anti-austeridade na capital da Irlanda, Dublin, com a participação estimada em 80 mil pessoas. O motivo imediato foi o aumento dos impostos sobre o consumo de água, considerado abusivo. As manifestações devem prosseguir, incluindo palavras de ordem apoiando a Syriza, na Grécia.

Estados Unidos

A seca na Califórnia continua em níveis considerados críticos. Novas regulamentações do governo estadual restringem a lavagem de roupa e o oferecimento de água nos restaurantes. Tradicionalmente, quando alguém senta numa mesa de restaurante nos EUA, o serviço traz imediatamente uma jarra gratuita com água e gelo. Agora isto só deve acontecer se o freguês pedir explicitamente a água.

Argentina

Pesquisadores anunciaram a descoberta de um possível sítio arqueológico no norte do país, na fronteira com o Paraguai e próximo às cataratas de Iguaçu, com objetos alemães provavelmente levados por nazistas. A hipótese levantada afirma que poderia se tratar de um projetado campo para refugiados nazistas construído quando já se previa a derrota da Alemanha frente à URSS e os aliados ocidentais. Um detalhe curioso: o noticiário destaca que vários nazistas foram acolhidos pelo então presidente Juan Domingo Perón, mas esquece de mencionar que a sua fuga contou com a cooperação – cúmplice, leniente ou negligente – dos Estados Unidos e até do Vaticano.

FONTE: Carta Maior