Primeiro passo para desdolarização e adoção de uma moeda única será criação de sistema de pagamentos.
Os ministros das Finanças do Brics tiveram encontro na terça-feira, em paralelo à primeira reunião ministerial da Trilha de Finanças do G20, grupo das 20 maiores economias do planeta, que ocorre nesta semana no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera em São Paulo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou do encontro, que reúne as autoridades de economia e finanças do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Este ano o Brics conta com 5 novos países-membros: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos (EAU), Irã e Etiópia.
Na presidência do Brics em 2024, a Rússia tem como uma de suas metas a desdolarização na relação entre os países do bloco. A presidente do Banco Central russo, Elvira Nabiullina, declarou em uma entrevista à Sputnik no mês passado que uma das prioridades dos países do grupo será fortalecer os sistemas de pagamentos e liquidação em moedas nacionais.
“Temos um grupo de especialistas estudando vários temas, incluindo moedas digitais e a interação de sistemas de pagamentos. Este ano queremos focar mais nas liquidações em moedas nacionais”, afirmou Nabiullina.
“Os países do Brics realizam uma política orçamentária mais razoável, então a estabilidade das suas economias é bem mais alta que a dos países ocidentais”, observou, também à Sputnik, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, nesta segunda-feira.
Segundo Siluanov, a dívida pública dos países que integram o Brics geralmente não ultrapassa a proporção de 60% do PIB; já a maioria dos países ocidentais é endividada em mais de 100% do PIB. “Os limites para dívida e déficit orçamentário” são violados pelos países do ocidente, afirmou o ministro. Ele acrescentou que o princípio de livre comércio também não é respeitado.
Na terça-feira à tarde, Fernando Haddad teve reunião de trabalho fechada sobre o G20, no Pavilhão da Bienal, e representará o Brasil na reunião dos governadores dos países que integram o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco do Brics, no mesmo local. Às 17h, está prevista uma reunião a portas fechadas com a presidente do NDB, Dilma Rousseff.
Liga Árabe realiza encontro sobre Brics
A Liga Árabe organizou no último domingo uma oficina, no Cairo, para discutir o papel do Brics para os países africanos e do Oriente Médio. Intitulado “Brics: papéis potenciais, desafios enfrentados pelos países africanos e do Médio Oriente”, o encontro de um dia discutiu novas adesões, expectativas e necessidades relacionadas com o bloco.
Os novos membros do grupo da região do Oriente Médio e de África são “um peso novo que contribuirá para moldar a agenda internacional dos Brics para impulsionar a cooperação econômica baseada na solidariedade e apoiar o desenvolvimento sustentável”, disse Alaa Al-Tamimi, diretor do Departamento de Investigação e Estudos Estratégicos da Secretaria-Geral da Liga Árabe.
Descrevendo o bloco como “uma plataforma para cooperação e coordenação em diferentes domínios entre os Estados-membros”, Al-Tamimi observou que o Brics apresenta uma nova abordagem à cooperação regional-internacional que se concentra na adaptação às variáveis globais e na obtenção da integração econômica.
Com Agência Xinhua
Publicado em 26/02/2024 em Monitor Mercantil.