Notícia

Destaques da agenda internacional

Data da publicação: 13/04/2015
Autor(es): Flávio Aguiar

Hillary Clinton

A notícia dominante no começo da semana foi a do anúncio oficial por parte de Hillary Clinton de que ela de fato é candidata à Casa Branca em 2016. Sua candidatura ainda não foi aprovada na convenção dos democratas, mas ela é tida como praticamente certa. Tanto é assim que os republicanos já lançaram a campanha “Stop Clinton” (Pare a Clinton), enquanto ainda se debatem entre vários candidatos, entre eles Rand Paul, Ted Cruz e Jeb Bush, irmão do ex-presidente George W. Bush. Clinton, que já foi a primeira ex-primeira-dama a ocupar cargo de governo equivalente a um ministério no Brasil, se eleita, seria também a primeira mulher na Casa Branca e também a primeira ex-primeira dama a ocupar a presidência.

Comentário na página editorial do New York Times registra que à medida em que o segundo mandato do presidente Barack Obama entra em seu momento final, cresce a campanha de desprezo dos republicanos contra ele. A assembleia do estado do Arizona, dominada por eles, aprovou lei que diz que o estado não obedecerá a nenhuma determinação do presidente, se não foi aprovada pelo Congresso, também dominado por eles. 47 senadores republicanos enviaram carta ao governo do Irã, dizendo que o presidente Obama não tem autoridade para fazer qualquer acordo sobre o programa nuclear do país.Mutatis mutandis, o clima é muito semelhante ao das oposições brasileiras contra a presidenta Dilma, ainda despeitadas pela derrota em outubro do ano passado.

EUA x Cuba

O fim de semana foi dominado pelo noticiário em torno da reaproximação entre os EUA e Cuba, com destaque para o encontro entre o secretário de Estado John Kerry e o ministro de Relações Exieriores Bruno Rodriguez, além do “face-a-face” entre Barack Obama e Raul Castro. Mas houve também uma ponta de destaque, com direito a foto, para o encontro entre Obama e Dilma Rousseff, bem como para o anúncio desta antecipando sua visita aos EUA para junho.

Repercussão da manifestação de 12 de abril

A repercussão foi, assim como a manifestação, bem menor do que a de 15 de março. De um modo geral destacou-se a denúncia de corrupção na Petrobrás e a proposta de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Deu-se destaque também para a pesquisa Datafolha que dava 60% de pesquisados favoráveis à abertura do processo, mas também se deu destaque a outra pesquisa, do mesmo Datafolha, apontando que a queda na popularidade da presidenta parara, coisa que levou a um ou outro comentário de que ela “atingira o fundo do poço”.

Papa x Turquia

A declaração do papa Francisco I, chamando o massacre dos armênios pelo Império Otomano a partir de 24 de abril de 1915 de “”genocídio”” provocou imediata e furiosa reação do governo de Ancara, que chamou seu embaixador no Vaticano e pediu explicações ao embaixador deste junto ao país. No massacre dos armênios a estimativa fala em um número entre um milhão e um milhão e meio de mortos, entre 1915 e 1918. Mais de 20 países e entidades internacionais reconhecem o status de genocídio para este episódio, inclusive o Parlamento do Mercosul, a Bolívia e a Argentina. Uma resolução do estado de S. Paulo também reconhece este status.

Na França, briga em família

A disputa entre pai e filha da família Le Pen pela primazia na Frente Nacional atinge temperaturas altas. O pai, Jean-Marie, deu mais uma vez declarações minimizando o Holocausto e a favor do Marechal Pétain e do governo de Vichy, durante a ocupação nazista na Segunda Guerra. A filha, Marine, pediu ao pai que se recolha ao silêncio (“obsequioso”?) para não atrapalhar sua candidatura à presidência, sucedendo a François Hollande, se vitoriosa.

Na Alemanha, mais briga em família

A luta entre primos – Wolfgang Porsche e Ferdinand Piëch – pelo controle da empresa alemã Vokswagen atingiu também uma temperatura altíssima. O último capítulo da briga foi o afastamento entre Piëch, do Conselho da empresa, e o executivo Martin Winterkorn. Winterkorn tem o apoio de Porsche e também do representante dos trabalhadores no Conselho, Bernd Osterloh. Nesta segunda-feira Winterkorn deve receber em Hannover a visita da chanceler Angela Merkel, acompanhada pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Sudão

Realizam-se nesta semana eleições presidenciais no país. O atual presidente deve vencer, ainda mais porque as oposições estão boicotando o pleito.

Estado Islâmico

Seguindo exemplos anteriores, o Estado Islâmico anunciou, e o governo iraquiano confirmou, a destruição da cidade histórica de Nimrud, no norte do país. Nimrud, cidade assíria construída no século XIII AC, era considerada patrimônio da humanidade pela Unesco, mas entrou na mira do E. I. por não ser um “símbolo muçulmano”.

Gunter Grass

O escritor alemão e prêmio Nobel de literatura em 1999, Gunter Grass, morreu na segunda-feira, aos 87 anos de idade. Grass nasceu em outubro de 1927 na hoje cidade polonesa de Gdansk, então Cidade Livre de Danzig, depois anexada pelos nazistas durante a Segunda Guerra. Sua ocupação, aliás, foi o verdadeiro estopim para a guerra. O romance mais conhecido de Grass é Die Blechtrommel, em português O tambor, publicado em 1956 e adaptado para o cinema por Volker Schlöndorf em 1979, um filme que ganhou o Oscar e a Palma de Ouro em Cannes, além de outros prêmios.

Mais recentemente Gunter Grass provocou duas polêmicas. A primeira por revelar que na juventude fora membro das Waffen-SS, braço militar da organização nazista, e a segunda por publicar um poema em que criticava o governo de Israel pelo tratamento dado aos palestinos. A segunda polêmica lhe valeu a acusação de antissemitismo, que ele negou peremptoriamente, afirmando, inclusive, que seu tempo na SS fora uma coisa de juventude que ele renegou depois.

FONTE: Carta Maior