Notícia

Em defesa do Pré-sal e contra os leilões

Data da publicação: 19/02/2010

Em palestra proferida no Sindipetro-RJ, no início de fevereiro, o presidente da AEPET, Fernando Leite Siqueira, avaliou as conjunturas nacional e internacional do setor petróleo, com destaque para a descoberta do Pré-Sal pela Petrobrás. Ele conclamou a todos para um trabalho de conscientização da população brasileira sobre a importância de defender o Pré-Sal e barrar os leilões do nosso petróleo, ainda constante do modelo de partilha apresentado pelo Governo Federal.

Siqueira destacou que a atual crise do combustível fóssil em todo o mundo apresenta uma tendência de alta pela demanda do produto para daqui há 10 ou 20 anos. Por seu turno, há uma queda na produção, o que elevará bastante o preço do energético no mercado global.

Siqueira contou que as petrolíferas multinacionais, as chamadas sete irmãs, que detinham mais de 70% do controle do petróleo em todo o mundo agora só detêm menos de 10% do produto e que por isso as novas descobertas de reservas serão disputadas acirradamente. O Pré-Sal, segundo especialistas, tem previsão de atingir cerca de 100 bilhões de barris. Com a cotação atual do barril de petróleo numa média de US$ 70 deve render ao Brasil um total de US$ 10 trilhões, o que daria para solucionar os graves problemas sociais e econômicos do nosso País.

Ao falar sobre as propostas do Governo Federal para uma nova legislação do setor do petróleo, o presidente da AEPET afirmou que tais propostas são melhores do que as do governo FHC. No entanto, as propostas do atual governo, notadamente no modelo de partilha, ainda apresenta um ponto negativo: a manutenção dos leilões do nosso petróleo. “A realidade é que precisa haver uma mobilização popular para avançar na conscientização das pessoas comuns de como a privatização do petróleo irá afetar o seu dia-a-dia. Este dinheiro investido em áreas carentes como a educação, a saúde, a habitação podem ser um novo modelo de desenvolvimento do Brasil. O Pré-Sal é um recurso não renovável porque demorou milhões de anos para ficar pronto pela natureza”, destacou Siqueira.

O total de empregos gerados pela indústria nacional pode chegar, segundo Siqueira, mais de 2 milhões de novos postos de trabalho em equipamentos e infraestrutura para várias áreas, como a naval, a petroquímica e na extração do petróleo propriamente dito. O custo do petróleo pela Petrobrás no Pré-Sal é de cerca de US$ 30, enquanto nos EUA chega a mais de US$ 100, por conta dos seus gastos com bases militares e forças de ocupação em outros países.

Ao responder as perguntas do público presente, o presidente da AEPET disse que um dos grandes problemas do modelo de partilha apresentado é que nos lances dos leilões os consórcios empresariais ficarão com o óleo como forma de pagamento dos seus lucros. No futuro, o petróleo será muito valorizado, sendo cada vez mais escasso. Assim, o petróleo é quem dará lastro físico da produção econômica, enquanto que o dólar será mais um papel que pode ser emitido pelo Banco Central dos EUA a qualquer momento.

Se for feita uma exploração descontrolada das reservas brasileiras de petróleo, o Pré-Sal poderá durar apenas 15 anos. Em condições normais, as nossas reservas poderão ser usadas em 40 ou 50 anos.