Notícia

Indústria pode encolher 10% em 2015

Data da publicação: 04/12/2015
Autor(es): Rogerio Lessa

Ao comentar os dados da produção industrial em outubro, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (IEDI) fala em “queda impensável” e alerta que a indústria de transformação (a que mais agrega valor) pode amargar contração de 10% este ano.

“Os dados de produção industrial de outubro mostram que a crise da economia continua estrangulando a indústria. Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, a contração da indústria de transformação foi de 0,3%, em outubro, frente a setembro, já descontados os efeitos sazonais, resultado de quedas em todas as grandes categorias econômicas. Nem a indústria extrativa se salvou no último mês, apresentando variação de -2%. Com isso, o desempenho da indústria geral foi de -0,7%.

Além da crise generalizada da produção, chama atenção o tamanho das variações negativas, mesmo na comparação com ajuste sazonal, em relação ao mês de setembro. Vejamos a produção de bens de consumo duráveis que, em apenas um mês, caiu 5,6%; ou então, a de bens de capital, com queda de 1,9%. Já bens intermediários, só tem apresentado variações negativas desde o mês de fevereiro (-0,7% em outubro).

Se levarmos em conta as variações em relação ao mesmo mês do ano anterior, ainda que outubro de 2015 tenha tido dois dias úteis a menos, as quedas são impensáveis, chegando a 32,6% em bens de capital e 28,7% em bens de consumo duráveis. O esfacelamento da confiança do empresariado, diante de um ambiente político e econômico cada vez mais nebuloso, a elevação dos juros e a contração do crédito, o grande encolhimento do investimento público, da Petrobrás e do complexo da construção pesada, além, da baixa disposição de consumir e redução da renda das famílias, têm produzido um efeito devastador sobre essas categorias.

Cabe ressaltar a crise pela qual alguns ramos industriais em particular vêm passando. Em outubro, dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, 16 ultrapassaram o patamar queda de 10% frente ao mesmo mês de 2014. Isso já não é pouca coisa, mas é ainda pior para alguns deles. A situação foi particularmente grave na fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-35,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-34,9%) e em impressão e reprodução de gravações (-31,9%). Outros setores não ficaram muito atrás, como produtos têxteis (21,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,8%), produtos de metal (-17,1%), outros equipamentos de transporte (-17%) e calçados (-14,9%).

Vale lembrar ainda que não foi a primeira vez que esses ramos apresentam variações dessa magnitude. De fato, a maioria deles lidera o movimento de contração no acumulado do ano, contribuindo para o aprofundamento da crise da industrial. Se esta trajetória se mantiver, e nada indica o contrário, é muito provável que o presente ano se encerre com uma contração da ordem de 10% da indústria de transformação.

FONTE: IEDI