Notícia

Nos destaques internacionais, a crise dos refugiados

Data da publicação: 11/01/2016
Autor(es): Flávio Aguiar

O debate sobre a recepção aos refugiados está aceso em toda a Europa, junto com a repercussão dos acontecimentos da noite de Ano Novo na cidade de Colônia. Naquela noite cerca de 1.000 homens, na maioria jovens e descritos por testemunhas como tendo “aparência árabe ou norte-africana”, se reuniram em frente à Estação Central (Hauptbahnhof) da cidade. Na maior parte alcoolizados, passaram a atacar mulheres que passavam, agredindo-as sexualmente ou tomando bolsas, celulares e outros valores. Até o momento (11 de janeiro) já houve o registro de mais de 500 B.O.s, por mulheres, na cidade. Duas mulheres disseram que foram vítimas de estupro. Também houve acontecimentos semelhantes em Hamburgo, mas em escala bem menor. A ocorrência reforçou os tradicionais argumentos de extrema-direita sobre a inconveniência da presença dos refugiados, com repercussão maior do que o “normal”. Houve críticas ao comportamento da policia, considerado ineficiente e tardio. Também a mídia foi criticada, por só ter dado atenção ao fato depois que a polêmica tomou corpo, embora tivesse informes sobre o que estava acontecendo na noite mesmo de Ano Novo. Heiko Maas, o ministro da Justiça e Proteção ao Consumidor, declarou que para ele o incidente não foi espontâneo, mas organizado previamente.

Durante o fim de semana houve 2 manifestações em Colônia: uma de mulheres, protestando contra a violência; outra do grupo de extrema-direita Pegida, contra os refugiados e a política de recebe-los por parte do governo alemão. A chanceler Angela Merkel se posicionou favoravelmente a um maior rigor no tratamento destes casos, prevendo inclusive a deportação de refugiados envolvidos. Também já cancelou previamente sua prevista participação no Fórum Econômico de Davos, na semana que vem. O governo da Eslovênia anunciou que não receberá mais muçulmanos. No domingo à noite grupos de extrema-direita, descritos como “hooligans”, “roqueiros e funkeiros” e “leões-de-chácara”, organizados através do Facebook, passaram a atacar estrangeiros indiscriminadamente nas ruas de Colônia. Dois paquistaneses e um sírio foram hospitalizados em estado grave, após serem espancados.

Na segunda-feira estava prevista uma nova manifestação do Pegida, desta vez em Leipzig.

A Espanha pega fogo.

Na Catalunha o presidente da província, Artur Mas, do partido Convergencia i Unió, considerado de centro-direita, caiu, depois de perder apoio da maioria no Parlamento. Em seu lugar assumiu o ex-prefeito de Gerona, Carles Puigdemont, da Convergencia Democratica de Catalunya, que formou nas últimas eleições o bloco Junts pel Sí com a Esquerra Republicana, os Democratas de Catalunha e o Movimento de Esuqerra. Teve o apoio da Candidatura d’Unitat Popular, que antes havia apoiado Mas e retirou este apoio. O novo governo deve repor em debate a independência da província, chamada de Comunidade Autônoma.

Nesta segunda a irmã do rei Felipe VI compareceu a tribunal, acusada de evasão fiscal e de envolvimento com negócios considerados suspeitos de seu marido, Iñaki Urdangarin.

E até o momento nenhuma coalizão se mostrou viável para formar um novo governo nacional, depois que o Partido Popular, do atual primeiro-ministro Mariano Rajoy perdeu a maioria no Parlamento. Se esta situação se prolongar, deverá ocorrer novo pleito nacional ainda na próxima primavera (março – junho).

México: El Chapo preso de novo.

Depois de uma rocambolesca caçada na cidade de Los Mochis, nas margens do Golfo da Califórnia, o barco-traficante Joaquin Guzman, conhecido como El Chapo, foi novamente preso nas montanhas próximas. A operação policial começou com efetivos policiais e militares apoiados por helicópteros numa quinta onde El Chapo se reunia com outros membros de seu cartel. Houve tiroteio, com 5 aliados de El Chapo mortos, e alguns policiais feridos. El Chapo e um de seus guarda-costas conseguiram se refugiar dentro de um túnel, até saírem por um bueiro numa outra rua. Fugiram para as montanhas, mas foram perseguidos e presos por um grupo de policiais que se refugiou com o preso num motel, à espera de reforços. O México começa agora um processo de deportação de El Chapo para os Estados Unidos. Entrementes, a frequência ao motel aumentou e o preço da suíte onde os policiais se refugiaram com seu prisioneiro disparou.

FONTE: Carta Maior