Notícia

Por que a imprensa não divulga o conteúdo dos depoimentos dos dirigentes da Odebrecht?

Data da publicação: 08/03/2017
Autor(es): Rogerio Lessa

Ao comentar entrevista (clique aqui para ler) concedida ao jornal O Globo, no último dia 9 de fevereiro, pelo procurador do Ministério Público Federal (MPF), Carlos Fernando dos Santos Lima, o vice-presidente da AEPET, Fernando Siqueira, indaga o porque de a imprensa não divulga os depoimentos dos dirigentes da Odebrecht na operação Lava Jato.

Segundo o procurador, líder da força tarefa que conduz a operação, “por incrível que pareça, a maior parte dos depoimentos não é relativa à Petrobrás. Há esquemas revelados por todo o Brasil, em nível federal, estadual e municipal. Mais de 50% com certeza não virão para cá.”

Para Siqueira, uma das razões para o silêncio da imprensa é justamente por não haver fatos relevantes contra a Petrobrás. “Aparentemente, o interesse da mídia é desmoralizar a Companhia para desmontá-la, inclusive através da absurda venda de ativos, conforme vem sendo levado a cabo por Pedro Parente (atual presidente da empresa).”

O vice-presidente da AEPET disse ainda objetivo final é desnacionalizar a Petrobrás para entregar o petróleo brasileiro ao cartel internacional do petróleo, processo que segundo ele foi iniciado pelo governo FHC em 1995 e intensificado no período de 1999 a 2003, quando Parente presidia o Conselho de Administração da Petrobrás. “Agora ele retoma o processo, já que o PSDB volta a dar as cartas no governo Temer e está vendendo ativos altamente estratégicos, colocando em sério risco a sobrevivência da Companhia e a soberania do País”.

De acordo com Siqueira, além de a Petrobrás não estar na condição que a mídia gostaria, há também denúncias sobre os políticos importantes, como José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá, Moreira Franco, Aécio Neves e o próprio presidente Michel Temer. “Ou seja, a cúpula do governo está profundamente envolvida e deve estar com insônia”.

Outro ponto intrigante para o vice-presidente da AEPET se refere a algumas posições da justiça em relação à mídia. “Por exemplo: o caso envolvendo Marcela Temer e um hacker que teria informações íntimas da primeira-dama foi proibido de ser publicado. Por que, se a liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia? Segundo O Globo, a justiça proibiu também a divulgação de matéria sobre a operação Zelotes. Como entender isso, se a operação já identificou um prejuízo de cerca de R$ 1 trilhão em sonegação de impostos? Seria porque os grandes empresários sonegadores não podem ser desmascarados? Seria porque a Globo também está envolvida na denúncia? Ou seja, a lei é igual para todos, ‘mas uns são mais iguais do que os outros'”, questiona Siqueira.