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O PRÉ-SAL É DO POVO BRASILEIRO

O Clube de Engenharia promoveu no último dia 27 de novembro, sob a coordenação do engenheiro Paulo Metri, o seminário ‘O pré-sal é do povo brasileiro’, que contou com as participações de especialistas e mobilizou centenas de pessoas, que, por unanimidade, defenderam o uso estratégico daquela rica região pela União. Os palestrantes e debatedores defenderam, também, o fim dos leilões do nosso petróleo e gás e o fortalecimento da Petrobrás como estatal prioritária na administração da exploração do pré-sal.

O ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Ildo Sauer, que participou do painel ‘Marco Regulatório e Monopólio’, expôs sua análise sobre a evolução das relações do homem com as várias formas de energia. Ele destacou que, desde a descoberta do petróleo, em meados do século XIX, já foram consumidos um trilhão de barris do produto. Segundo ele, estima-se que há ainda cerca de dois trilhões de barris para serem usados pela Humanidade, o que representa uma reserva mundial de cerca de três trilhões de barris, aliado à tendência de alta nos preços do energético.

– No mundo, a maior parte das grandes empresas petrolíferas têm composição estatal, e por isso eu defendo que usemos a capacitação dos profissionais da Petrobrás, que foi vitoriosa em 55 anos de existência, se tornando referência mundial na exploração em águas profundas e em mais de uma série de setores da atividade produtiva – defendeu Sauer a importância estratégica da Petrobrás no setor petrolífero nacional.

Ele exortou aos presentes a necessidade de se chamar a atenção da sociedade brasileira à luta em defesa do pré-sal e da Petrobrás, o que proporcionará um futuro melhor para o Brasil e os brasileiros. Ressaltou que a utilização soberana do pré-sal permitirá o desenvolvimento de investimentos em saúde, educação, habitação, e outros. ‘Precisamos fazer uma grande corrente de brasileiros para mudar a correlação de forças em nossa sociedade, para que tenhamos êxito na nossa luta’, destacou Sauer, que também é professor da USP (Universidade de São Paulo).

O diretor de Comunicações da AEPET, Fernando Siqueira, que foi eleito em novembro último, presidente da AEPET para o triênio 2009-2011, posse em janeiro de 2009, destacou que a substituição do petróleo por outro tipo de energético ainda está muito distante, pois nenhuma matéria-prima descoberta recentemente tem a abrangência do petróleo, que possibilita a criação de cerca de três mil produtos. ‘O etanol, por exemplo, só substitui uma das funções do petróleo e estamos no terceiro choque do petróleo com uma instabilidade entre oferta e demanda, esta na casa de 87 milhões de barris’.

Para ressaltar a grave crise que o mundo vive hoje, com o petróleo quase não acompanhando a demanda mundial, lembrou de uma reportagem do jornal ‘Financial Times’, de 2004, que mostra o encolhimento das grandes empresas petrolíferas, as chamadas ‘irmãs do petróleo’. Segundo a matéria, essas empresas, hoje, controlam somente 3% das reservas de petróleo no mundo e podem desaparecer nos próximos cinco anos. Os EUA, que tem uma reserva de 20 bilhões de barris, consomem 10 bilhões, por isso estão desesperados em busca do bem, até mesmo por meios violentos, como, por exemplo, a invasão ao Iraque, a reativação da IV Frota do Atlântico Sul.

– É preciso que o marco regulatório do setor petróleo seja mudado, uma vez que antes do fim do monopólio da Petrobrás havia cerca de 5 mil empresa operando nas atividades do referido setor. Já com a abertura do setor ao capital externo, só sobraram dez empresas, notadamente multinacionais, que não investem no País – lembrou Siqueira, que defendeu, ainda, a retomada da campanha ‘O petróleo é nosso!’. Ele defendeu a redistribuição dos royalties do petróleo entre estados e municípios, como forma de aumentar a distribuição de renda para o povo brasileiro, investimentos em saúde, educação, transportes e habitação.

O geofísico e exploracionista, aposentado da Petrobrás, João Victor Campos, também eleito diretor da AEPET para o triênio 2009-2011, fez uma explanação sobre os fantásticos movimentos das placas tectônicas e como surgem os depósitos de petróleo nas bacias sedimentares ao longo de milênios. Ele, que tem enorme experiência no setor, tendo atuado pela Petrobrás no Iraque, na década de 1970, destacou que a estatal brasileira, em seus mais de 50 anos de atuação, sozinha, e com recursos próprios, foi capaz de pesquisar e explorar petróleo no País, além de ser referência mundial na tecnologia de exploração em águas profundas, o que resultou em diversos prêmios.

– Por isso, sou favorável que sejam suspensos os leilões do petróleo o mais rápido possível e que a Petrobrás assuma, sozinha, todas as etapas do processo de produção do combustível. Defendo, também, a reestatização da empresa e a compra das ações que foram vendidas na Bolsa de Nova Iorque. Ele ressaltou que a quebra do monopólio estatal do petróleo e a venda das ações da Petrobrás nos EUA são resultados de um processo iniciado em 1983, no chamado Diálogo Interamericano, cujo documento final defendia a venda da maioria das empresas em mãos do Estado brasileiro.

O economista Carlos Lessa ressaltou que o Brasil tem uma matriz energética renovável de 45% do total, que é hidrelétrica. Nesse sentido, com a descoberta do pré-sal, ele exortou a todos ao aumento da consciência de que ‘o petróleo é um produto estratégico e de soberania nacional, a ser explorado pela Petrobrás, em defesa do povo brasileiro’. Sublinhou que o petróleo é tão importante que as Forças Armadas brasileiras têm que ser reequipadas para defesa de nossa segurança perante a cobiça estrangeira. ‘Por isso, defendo que convoquem um membro do Estado Maior das FFAA para outros debates, uma vez que uma parte do mar territorial brasileiro não é aceita pelos EUA, mas a ONU aceitou a demarcação em sua Assembléia Geral, por mais de 130 votos favoráveis’.

No painel ‘Pré-sal: desenvolvimento e soberania’, o economista Cesar Benjamin afirmou que as descobertas de petróleo no País estão sendo ofuscadas pela crise global e chamou atenção para a necessidade de que seja feito um debate mais profundo a respeito do pré-sal, visando a evitar que o País fique a reboque da conjuntura internacional.

– Eu penso que as autoridades brasileiras estão sendo muito frágeis diante da magnitude da atual crise global e não estão fazendo os ajustes necessários para diminuir os seus efeitos sobre a economia brasileira – avaliou o professor Benjamin. ‘A descoberta do pré-sal é uma oportunidade de investimentos de centenas de bilhões de dólares e de desenvolvimento para todo o setor produtivo brasileiro. O pré-sal pode se tornar uma nova forma de pensar o Brasil, com um novo Plano de Metas [de médio e longo prazo]. Para isso, é necessário uma mudança no marco regulatório do setor de petróleo e um engajamento da população neste processo’, destacou Cesar Benjamin.

O diretor da FUP, Marluzio Dantas, defendeu que o povo deve ser mobilizado, ir às ruas, para defender as mudanças no marco regulatório. ‘A FUP está preparando um movimento grevista para o próximo dia 18 de dezembro contra os leilões do petróleo e gás e a alienação da Petrobrás’, destacou o sindicalista.


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