ATO EM DEFESA DA ENGENHARIA E DA EMPRESA GENUINAMENTE NACIONAL:
‘A QUESTÃO QUE NÓS ESTAMOS TRATANDO É DE SOBERANIA NACIONAL’
A AEPET e o Clube de Engenharia promoveram, na terça-feira (03/08), concorrido ‘Ato em Defesa da Engenharia e da Empresa Genuinamente Nacional’, realizado no auditório do Clube de Engenharia, no Centro do Rio de Janeiro. O encontro se constituiu numa celebração de metas em prol do resgate da engenharia brasileira e da empresa genuinamente nacional, consubstanciada nas perspectivas abertas pela Medida Provisória 495, de 19/07/10, que estabelece a preferência para produtos e serviços nacionais. Tal MP aumenta em muito de importância, sobretudo, pela descoberta do Pré-Sal pela Petrobrás.
A MP 495 foi saudada por todas as lideranças presentes naquele evento, uma vez que coloca o desenvolvimento e a inovação brasileira em primeiro plano, questão há muitos anos abandonada a partir da onda neoliberal, que teve seu auge na década de 1990.
O diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, o geólogo Guilherme Estrella, foi o homenageado daquele encontro da cidadania brasileira, que reuniu técnicos da Petrobrás, lideranças de diversas entidades da sociedade brasileira e parlamentares. Cabe destacar as presenças do deputado estadual Paulo Ramos, dos deputados federais Alessandro Molon, Luiz Alberto, da deputada Jandira Feghalli, do presidente da Nuclep, Jaime Cardoso, do presidente licenciado da AEPET Fernando Leite Siqueira, que leu o ‘Manifesto de Defesa da Engenharia e da Empresa Genuinamente Nacional’, entre outros.
Guilherme Estrella agradeceu ao presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, ao diretor de Comunicações da AEPET, Roldão Fernandes, ao presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, pela organização do evento em prol da engenharia e das empresas genuinamente nacionais. Estrella destacou que, na sua vida profissional, o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente da Eletronuclear, presente no encontro, teve grande importância. ‘Para mim, hoje é um dia certamente muito especial’, disse o geólogo.
Em discurso, Estrella demonstrou (com exemplos concretos do cotidiano) a importância do País contar com empresas genuinamente nacionais, oposição à dependência de corporações estrangeiras que acabam filtrando e criando dificuldades para os acordos comerciais do Brasil no exterior. Estrella ressaltou que contar com empresas, engenharia e tecnologias brasileiras é a maneira mais eficaz de se garantir a soberania nacional plena. ‘O que nós estamos tratando, na verdade, não é de ciência e tecnologia, mas nós estamos tratando é de soberania nacional’.
O diretor da AEPET, Roldão Fernandes, destacou que a Associação dos Engenheiros, no próximo ano, completará 50 anos em defesa da Petrobrás e seu corpo técnico, bem como do Monopólio Estatal do Petróleo, sancionado pelo Presidente Getúlio Vargas em 1953. ‘A AEPET, que no próximo ano comemorará seu cinquentenário, não poderia deixar de se pronunciar neste evento em defesa da engenharia e da empresa genuinamente nacional, do corpo técnico da Petrobrás, bem como do monopólio estatal do petróleo, pois estes são um dos itens do seu Estatuto e da sua razão de ser da AEPET’.
Roldão Fernandes destacou, também, a necessidade de se proporcionar às empresas nacionais condições para produzirem materiais e equipamentos e desenvolver novas tecnologias para a exploração das áreas do Pré-Sal. ‘Isto poderá ser conseguido pelo aumento das encomendas da Petrobrás na indústria nacional. Tal ação, irá incrementar a produção de novos e melhores equipamentos para a indústria petrolífera pelas empresas brasileiras’.
O presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, destacou que o Brasil está novamente numa fase de expansão de crescimento, depois de décadas falidas, perdidas, como foi as décadas de 1980 e 1990. ‘Estamos vendo diversos segmentos de nossa indústria conhecer a própria indústria da área de petróleo, energia, os navios que ninguém imaginava há dez, quinze anos atrás, que seríamos capazes de termos sequer a determinação de avançarmos por esse caminho, já estamos vendo os resultados. Então, com as taxas de crescimento que estamos crescendo se coloca novamente o desafio de caminharmos para sermos a sétima, a sexta, a quinta, eventualmente, economia mundial, potência mundial. Mas dessa vez não podemos errar, como erramos. E esse erro, para ser evitado, grande parte do movimento que precisa ser feito está em nossas mãos’.
Almirante Othon: ‘Guilherme Estrella sempre acreditou nas potencialidades dos brasileiros e liderou a formação de engenheiros, geólogos e geofísicos que mudaram os destinos geológicos do Brasil’
Em homenagem ao geólogo Guilherme Estrella, o presidente da Eletronuclear, Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, leu o profícuo currículo do homenageado. ‘Eu, enquanto cidadão, sinto uma grande honra, muito grande mesmo, em ser indicado pelo Clube de Engenharia para saudar o geólogo Guilherme Estrella’.
O Almirante Othon sublinhou que na história da engenharia brasileira, Guilherme Estrella é sem dúvida um dos maiores expoentes. ‘Não há como deixar de lembrar o início da minha vida, quando fazia navegação astronômica, eu me orientava pelas estrelas. Quando penso no percurso tecnológico que a sociedade brasileira traça para atingir melhores condições de vida para o nosso cidadão, não tenho a menor dúvida que os jovens, e não tão jovens como nós, de hoje, devem usar as atitudes do Estrella para se orientar’.
Destacando diversas passagens da profícua carreira profissional do geólogo Guilherme Estrella, graduado pela UFRJ em 1964, Almirante Othon destacou que o homenageado ‘sempre pautou sua vida profissional na crença do desenvolvimento da tecnologia nacional. Por isso estamos homenageando ele hoje’. ‘O ‘complexo de vira-lata’, como dizia o escritor Nelson Rodrigues, sempre passou astronomicamente ao largo do Guilherme Estrella, pois este sempre acreditou nas potencialidades dos brasileiros e liderou a formação de engenheiros, geólogos e geofísicos que mudaram os destinos geológicos do Brasil. Depois da formação dessa equipe, o Brasil nunca mais será o mesmo. Mudou completamente o nosso destino’.
Estrella fundou cursos de pós-graduação, entre tantas outras iniciativas e cargos de direção no Sistema Petrobrás, elencadas (cronologicamente) pelo Almirante Othon, notadamente para a quebra de recordes de exploração em grandes profundidades na exploração marítima até chegarmos ao Pré-Sal, em 2007, quando Estrella já ocupava o cargo de diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, cargo que assumiu em 2003.
O Almirante ressaltou, também, que a capacitação técnica de Guilherme Estrella é reconhecida no Brasil e no exterior. ‘A engenharia, em particular e geologia, procura entender o que a natureza nos proporciona em realizar às transformações necessárias para melhorar ou até mesmo tornar dignas às condições de vida. Então, um evento como o do dia de hoje é daqueles que quer tornar dignas às condições de vida dos brasileiros, portanto da vida nacional’.
Para o Almirante Othon, o domínio das tecnologias é condição necessária para a real independência dos povos. ‘Os países que aceitam permanecer na condição de tecnologicamente debilitado, aceitam também que seus habitantes sejam cidadãos de segunda classe no cenário mundial. Isso não pode nunca acontecer conosco. Guilherme Estrella é um exemplo do esforço de termos uma sociedade digna’.
‘A decisão de homenagear Guilherme Estrella é muito feliz e emblemática, pois estamos homenageando um verdadeiro símbolo da tecnologia nacional e da brasilidade, sobretudo. O Clube de Engenharia vive, então, um dos dias mais importantes da sua história, pois reafirma sua posição em favor da engenharia nacional e das empresas genuinamente nacionais, bem como homenageia um dos brasileiros que mais contribuiu para a grandeza desse País’, ressaltou Othon.
Ao finalizar seu discurso, e sob longos aplausos, o presidente da Eletronuclear declarou: ‘Se o escrivão que registrou Guilherme Estrella tivesse bola de cristal, teria colocado na certidão de nascimento o nome Guilherme Estrella de Primeira Grandeza’.
O diretor de Comunicações da AEPET, Roldão Fernandes, e o presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, fizeram a entrega de uma placa ao homenageado.
Leia também os trechos dos discursos:
Manifesto de Defesa da Engenharia e da Empresa Genuinamente Nacional