Artigo

A reforma trabalhista

Data da publicação: 25/06/2017
Autor(es): Henrique Sotoma

PONTO DE VISTA

Em 2007 e 2008 quando houve o colapso da economia americana (fechamento de postos de trabalho, desemprego, etc.), o presidente do banco central (Federal Reserve) americano, o Sr. Alan Greenspan , afirmava que o sucesso das políticas econômicas em andamento era baseado na maior insegurança para os trabalhadores, ou seja, trabalhadores intimidados não exigiriam aumento de salários e nem benefícios, mas aceitariam de bom grado padrões de vida mais baixos em troca da mera possibilidade da manutenção de seu emprego. Segundo critérios neoliberais, isso contribuiria para um desempenho econômico melhor e mais favorável às empresas.

Os trabalhadores que serviram de cobaias nessa experiência de teoria econômica do Federal Reserve, mostravam que esses indivíduos não estavam nada felizes com os resultados daquela política.

Ref.: Lawrence Mishel , Elise Gould e Josh Bivens, “Wage Stagnation in Nine Charts”, Ins, 6 de janeiro de 2015.

Para nós, trabalhadores, há uma enorme diferença entre o trabalho estável numa fábrica, com salários e benefícios negociados por sindicatos e garantidos por contrato, como ocorre até hoje no Brasil.

Com a REFORMA TRABALHISTA em andamento no BRASIL e com o projeto em tramitação já no SENADO FEDERAL, é possível que os trabalhadores não estejam tendo a consciência das consequências que terão pela frente caso a Reforma Trabalhista seja aprovada.

Por que os trabalhadores sejam através de sindicatos ou associações não estão se mobilizando para barrar a aprovação das reformas? Eu arrisco enumerar alguns pontos pelos quais isso ocorre:

A) A propaganda maciça do Governo Temer nas TV’s e nos pronunciamentos de seus ministros informando que o desemprego diminuiu! É verdade que diminuiu apesar de em termos percentuais terem sido apenas alguns centésimos ou décimos!
B) A inflação está diminuindo
C) Que a aprovação da Reforma Trabalhista fará com que as indústrias ganhem confiança e contratem mais!
D) O setor corporativo das grandes empresas estarem apoiando as reformas.

Sobre os três primeiros pontos é possível que os trabalhadores que vivem na base de informações obtidas na Internet, YouTube, Facebook, etc, isto é, trabalhadores que perderam o interesse em participar de discussões nos sindicatos, associações , ou até mesmo participar para ouvir discussões sobre problemas que afetam nossa vida diária, economia mundial, política, privatizações, política de conteúdo local e outros, preferem viver isoladas umas das outras, simplesmente acreditando naquilo que a mídia e o Governo afirma e divulga.

Quanto ao quarto ponto, acredito que o setor corporativo apoia as reformas porque os pontos incluídos na REFORMA interessa a eles, ou até mesmo sejam pontos propostos pelos mesmos através de lobbies junto a Câmara de Deputados e do Senado Federal haja vista as delações premiadas da Lava Jato envolvendo as grandes empresas.

Imagine a REFORMA TRABALHISTA sendo aprovada como está sendo proposta, e que diante de uma inflação anual de 5%, o sindicato após a aprovação da assembleia dos trabalhadores, peça um aumento de 6% junto a direção da empresa. A empresa diz que não é possível dar esse reajuste diante da conjuntura econômica do país; as conversações se prolongam sem nenhum acordo até que passado uns quatro ou cinco meses, a empresa resolve dar um aumento de R$ 100,00 para todos! Ou então a empresa diz que a situação financeira da empresa está cada vez pior e oferece manter os empregos, mas, pagando um salário R$ 100,00 menor para todos! A REFORMA vai permitir isso! Você aceitara isso?! Isso sem falar em outros benefícios que podem ser subtraídas a cada ano!

Portanto, meus caros colegas, vamos participar das discussões junto aos sindicatos e de outras associações capazes de nos esclarecer os pontos cruciais da REFORMA TRABALISTA. Observo que nós temos um sindicato e isso representa uma enorme diferença entre os desesperados trabalhadores sem sindicatos que os represente.

Temos que ter atitude e esperança; enquanto tivermos essa postura podemos ter esperança, caso contrário, estaremos na mesma condição dos trabalhadores americanos indicados logo no início deste ponto de vista.

VAMOS PARTICIPAR! Vamos discutir nossos problemas antes que ela se concretize, após isso, será muito difícil revertê-lo.

Henrique Sotoma (25/06/2017)
Engenheiro aposentado (Sindicalizado e sócio da AEPET-RJ)