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Destaques internacionais da semana – 15/02/2016

Data da publicação: 15/02/2016
Autor(es): Flávio Aguiar

A expectativa sobre o cessar-fogo que deverá se efetivar até o final desta semana vai ocupar as manchetes. Entretanto depois do anúncio do acordo definido em Munique pelas 17 partes que tomam parte na negociação, incluindo os EUA, Rússia, Turquia, Arábia Saudita, Irã, o Reino Unido, a ONU, a União Europeia, Damasco e a maioria dos grupos rebeldes, a situação imediata do conflito agravou-se. As partes estão tentando melhorar suas posições antes que ele possa vir a se concretizar. Apoiado pela aviação russa, o governo de Bashar al-Assad está na ofensiva sobre as posições de grupos rebeldes em Aleppo. Dezenas de milhares de refugiados se concentram na fronteira com a Turquia, que até o momento, mantém a fronteira fechada. A Arábia Saudita, que já ameaçou enviar tropas terrestres para a Síria, está concentrando aviões de combate de sua Força Aérea em bases turcas. O governo de Ancara vem intensificando os bombardeios sobre posições curdas, pois teme que os curdos consolidem uma região autônoma na fronteira com a Turquia. Os EUA e seus aliados acusam a Russia de bombardear indiscriminadamente os rebeldes e até posições civis, para favorecer Damasco, coisa que Mosocu nega. O cessar-fogo previsto não compreende as posições do Estado Islâmico nem as do grupo Jahbat al-Nusrah, considerado um ramo da Al-Qaïda e apoiado por parte do Estado Islâmico do Iraque, embora outros membros deste se oponham a ele. Isto complica a situação, pois este grupo atua em grande parte da Síria, é aliado de vários grupos rebeldes, com eles se misturando, inclusive na região de Aleppo. Ultimamente tem havido especulações de que o grupo tenha rompido com a Al-Qaída. A Rússia não admite que a Arábia Saudita envie tropas terrestres, enquanto reivindica que os curdos sejam admitidos na mesa de negociação de paz, que já se reuniu em Viena, Amsterdã e na semana passada em Munique. O conflito tem um saldo de quase 500 mil mortos, 2 milhões de feridos, e quatro milhões de refugiados fora do país, além de ter destruído grande parte da infra-estrutura deste. A Turquia tem o maior contingente de refugiados: 2,5 milhões, além de 500 mil iraquianos.

Estados Unidos 1

A morte do arqui-conservador juiz Antonin Scalia, da Suprema Corte do país, deflagrou nova guerra verbal entre o presidente Obama e lideranças do Partido Republicano. O presidente diz que vai exercer seu direito constitucional, e indicar um novo nome. Os republicanos querem que isto seja deixado para o novo presidente, a ser eleito em 4 de novembro. Certamente não contam que um ou uma democrata possa vencer a eleição. Com a morte de Scalia, o balanço entre mais conservadores e mais liberais na Corte está empatado, em 4 x 4.

Estados Unidos 2

As atenções quanto a escolha dos futuros candidatos à presidência voltam-se agora para os Estados de Nevada e Carolina do Sul. Do lado democrata, teoricamente, estes estados deveriam favorecer a pré-candidata Hillary Clinton, mas o senador Bernie Sanders, de Vermont, vem surpreendendo. Além disto, em New Hampshire Hillary teve um desempenho considerado fraco entre as mulheres, o que pode comprometer suas chances. Do lado republicano prossegue o bate-boca entre Donald Trump e os demais pré-candidatos, com vantagem retórica para Trump, que se mantém na ofensiva. O senador pela Flórida Marco Rubio perdeu pontos por desempenhos pífios nos últimos debates, e o ex-governador Jeb Bush, também da Flórida, está patinando. O adversário mais forte de Trump é o senador Ted Cruz, do Texas, que bateu-o em Iowa. Embora Trump supere todos em matéria de reacionarismo e rompantes falastrões, todos os pré-candidatos republicanos são muito reacionários, prometendo denunciar o acordo sobre o programa nuclear do Irã, romper novamente as relações diplomáticas com Cuba, denunciar também o acordo da COP 21 sobre o clima, além de destruir o programa de saúde pública criado pelo atual presidente, além de outras medidas catastróficas.

O Papa no México e no Caribe

A visita do Papa Francisco I a Cuba ficou na história, por duas razões: valoriza a ilha no momento em que esta muda de posição no tabuleiro geopolítico e abriu um novo capítulo nas relações com a Igreja Ortodoxa, garças ao seu encontro com o Patriarca russo Kirill no aeroporto José Marti. No México o Papa rezou missa no bairro de Ecatepec, que tem indicadores altíssimos de homicídios, defendeu o fim de todas as formas de violência, destacando a contra as mulheres, e criticou o abuso de seu poder por parte de detentores de grandes fortunas. Mais um gol de placa de Sua Santidade.

Berlinale

Em Berlim transcorre a 66a. edição do Festival Internacional de Cinema da cidade, conhecido como a Berlinale. Ele é considerado o maior festival de cinema do mundo, com índices de 500 mil participantes. Tem seções especiais para crianças e adolescentes, com júri próprio, além de promover seminários e debates de alto nível para cineastas, críticos, atores vindos do mundo inteiro, e apresentar mais de 400 filmes em exibição. Embora tenha seu epicentro em torno da Praça Marlene Dietrich e na casa de espetáculos Berliner Palast, perto da Potsdamerplatz, a Berlinale se espalha pela cidade inteira, com seções realizadas em cinemas de bairros, inclusive da periferia da cidade. Neste ano o Brasil comparece com seis filmes, embora apenas um esteja competindo, na categoria de curtas. Tradicionalmente o Brasil costuma não sair da Berlinale de mãos vazias, ganhando quase sempre algum tipo de prêmio. Filmes brasileiros venceram o prêmio máximo, o Urso de Ouro dado ao melhor filme da competição, por duas vezes: em 1998, com “Central do Brasil”, quando a atriz principal do filme, Fernanda Montenegro, ganhou o Urso de Prata de melhor atriz, e em 2008, com “Tropa de Elite 1”. Em 2015 o filme “Que horas ela volta?”, de Ana Muylaert, com Regina Casé, ganhou o prêmio de melhor filme na votação do público. Neste ano o júri do Urso de Ouro é presidido pela atriz Meryl Streep. O Festival vai até domingo, com as premiações anunciadas no sábado. Na quarta-feira a Embaixada do Brasil em Berlim oferece uma recepção aos cineastas brasileiros presentes no festival e outros convidados.

FONTE: Carta Maior