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POR QUE A EMENDA PEDRO SIMON SE TORNOU NECESSÁRIA E POR QUE OS ENTREGUISTAS BATEM NELA?

Quando foi concluído o relatório final da Câmara dos Deputados, sobre o PL 5938 do Governo Federal, que muda o contrato de concessão (da Lei 9478 de FHC, pelo qual, 100% do petróleo é de quem produz) para o de partilha da produção (onde a União Federal recupera a propriedade do petróleo), a AEPET descobriu um ‘contrabando’ introduzido pelo relator, deputado Henrique Alves, o parágrafo 2º do artigo 42 do projeto do Governo.

Trata-se da absurda devolução ao consórcio, em petróleo, dos ‘royalties’ que ele pagasse em reais. Ora, isto significaria ‘transformar o Brasil num imenso paraíso fiscal’, ou seja, abrir mão de um imposto que monta, no presente, cerca de US$ 15 bilhões (R$ 27 bilhões).

Em 2020 chegaria a US$ 30 bilhões, cerca de R$ 54 bilhões. Assim, consumado esse absurdo, teríamos o pior contrato de partilha do mundo. Denunciamos esse absurdo a vários parlamentares, tendo o Senador Renan Calheiros se comprometido a levar essa informação ao presidente Lula, pois a introdução dessa emenda piorava muito o projeto do Governo. Simulações que fizemos mostram que, pelo projeto do Governo, a União ficaria com cerca de 60% do óleo produzido; com a esdrúxula emenda do relator, essa participação cairia para 30%. É ou não absurda?

O Senador Pedro Simon, a quem explicamos detalhadamente a matéria, ficou atônito e fez um discurso no Senado no mesmo dia, mostrando a dura realidade. Foi aparteado pelo senador Francisco Dornelles, que disse: ‘Isto transforma o Brasil num imenso paraíso fiscal’.

Denunciamos o fato numa audiência pública no Senado e quando perguntado pela imprensa quem seria o patrocinador dessa emenda, não titubeamos: ‘Se vocês procurarem quantas audiências públicas o cartel internacional, incrustado no Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), fez no Senado, só este ano, com um desfile de lobistas, vocês identificarão facilmente a origem dessa malfadada emenda’.

Entrevistado, o autor da inclusão, deputado Henrique Alves pôs a culpa na Petrobrás, e, com isto, cometeu dois erros: 1) consultamos o presidente e vários diretores da Petrobrás e eles não sabiam de nada; 2) mesmo que tivesse partido da Petrobrás a ideia da emenda, ela não se justificaria, visto que causaria um imenso prejuízo à Nação.

Veio a votação no Senado. Conversamos com o relator Renan Calheiros, que nos disse: ‘Olha, eu prometi derrubar essa emenda, mas a relatoria passou para o Senador Romero Jucá. Fale com ele’. Falamos, e o Senador nos disse: ‘As emendas referentes a royalties foram retiradas. Serão votadas em separado’. Não satisfeitos, perguntamos: ‘E a emenda da devolução dos royalties, também ficou para depois?’ Resposta: ‘Falei com o fulano, do governo, e ele disse que isto não tem problema’.

Suspeitamos de outra inserção sub-reptícia para devolver os royalties para o consórcio. Fomos ver o texto do relator e, bingo!, lá estava camuflada em quatro artigos, a famigerada devolução dos royalties para o consórcio. O relator Jucá inseriu um acréscimo nos artigos 2º; 10º. inciso III, letra d; 15º. inciso V e 29º. inciso V, do projeto do Governo. Assim, se fez necessária a emenda Pedro Simon, para retirar essa devolução e ainda corrigir a emenda Ibsen. A emenda Simon resgata para a União Federal um valor de R$ 54 bilhões, que seriam repassados de mão beijada para os consórcios. Este resgate dá para ressarcir os estados produtores das perdas de cerca de R$ 6 bilhões causadas pela emenda Ibsen Pinheiro.

No dia seguinte, grande parte dos lobistas, incluindo a mídia hegemônica, bateu sem trégua na emenda Pedro Simon, indignados pelo prejuízo dos seus patrocinadores. Nenhum deles mencionou a verdadeira motivação salva-pátria da emenda Simon.


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